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Oposição convoca protestos contra a crise no Zimbabué

tms | com agências
16 de agosto de 2019

O MDC, o principal partido da oposição zimbabuena, agendou manifestações pacíficas para esta sexta-feira para pressionar o Governo devido ao agravamento da situação económica. Polícia já ameaçou com detenções.

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Foto: Imago/Xinhua

O Movimento para a Mudança Democrática (MDC) disse que os protestos serão pacíficos, mas a polícia emitiu "uma notificação de proibição" contra as manifestações e afirmou que os organizadores foram notificados de que haveria implicações caso procedessem com os seus planos de sair às ruas.

Um membro do MDC disse à agência de notícias Reuters que o partido não estava ciente da ordem de proibição, acrescentando que na última reunião com a polícia, na quinta-feira (15.08), os agentes não indicaram que iriam proibir os protestos. Por isso, a oposição promete avançar de forma pacífica esta sexta-feira (16.08).

"A manifestação vai avançar. A Constituição é muito clara, só precisamos notificar a polícia, o que já fizemos, e esperamos que garantam a paz", disse Luke Tamborinyoka, porta-voz do MDC.

Ativistas raptados e torturados

Entretanto, pelo menos seis ativistas da oposição e dos direitos humanos foram sequestrados e torturados por assaltantes não identificados dias antes dos protestos, segundo avançaram às agências de notícias grupos de defesa dos direitos humanos.

Oposição convoca protestos contra a crise no Zimbabué

Num comunicado, o grupo Zimbabué Human Rights, que envolve mais de 20 organizações não-governamentais, afirmou que os seis ativistas foram sequestrados "por supostos agentes do Estado na noite dos dias 13 e 14 de agosto". Ainda de acordo com o grupo, os ativistas "foram severamente torturados e abandonados".

As manifestações convocadas pela oposição zimbabuena pretendem pressionar o Governo por causa do agravamento da crise económica, que há meses está a tornar a vida dos cidadãos cada vez mais difícil com o desemprego, a escassez de alimentos, produtos e serviços básicos.

"Não posso comprar pão"

O Programa Alimentar Mundial da ONU fez um apelo à comunidade internacional, porque cerca de cinco milhões de zimbabueanos estão a precisar de ajuda alimentar.

Nas ruas de Harare, a população critica o atual cenário económico. "O pão já custa 10 dólares agora. Não posso comprar pão porque ganho um salário magro", diz um habitante. "No momento em que disseram que o dólar americano não está a funcionar, as coisas ficaram mais difíceis todos os dias. Os preços estão a subir porque os combustíveis estão caros", queixa-se outro cidadão.

Em janeiro, Harare foi tomada por uma onda de violência quando protestos contra o aumento do preço dos combustíveis resultaram em pilhagens de lojas e confrontos entre polícias e manifestantes.

O MDM, que disputou as presidenciais no ano passado, mas foi derrotado pelo Presidente Emmerson Mnangagwa, considera que o Zimbabué está a viver a sua pior crise económica dos últimos 10 anos.