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Os novos desafios da CASA-CE

14 de outubro de 2017

Luta no Parlamento e transformação da coligação em partido estão entre os desafios da CASA-CE após as eleições angolanas de 23 de agosto. Vice-presidente Manuel Fernandes fala à DW África sobre próximos passos.

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Manuel Fernandes, um dos vice-presidentes da CASA-CEFoto: DW/P. B. Ndomba

Membros da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) debateram este sábado (14.10) os novos desafios da coligação com o novo executivo liderado pelo presidente angolano, João Lourenço.

Autarquias, revitalização das estruturas de base, luta no Parlamento e debate interno sobre a possibilidade da transformação da coligação em partido político foram alguns dos principais temas do 1º encontro metodológico da CASA-CE após as eleições de 23 de agosto. 

A DW África entrevistou Manuel Fernandes, um dos vice-presidentes da formação política, sobre os próximos passos da coligação nos próximos cinco anos.  

Eleições autárquicas

O primeiro desafio lançado pela CASA-CE até 2022 é a institucionalização do poder local, que vai ser feita em Angola de forma gradual. Para o efeito, a terceira maior força política do país vai adoptar uma "nova forma de fazer política".

"A nossa organização deve se estruturar do topo até a base. Temos que reconhecer que houve uma lacuna. Não tivemos as bases organizadas", disse Manuel Fernandes. 

As políticas antigas baseavam-se em dois projetos denominados 7/7, baseado no contato do Presidente da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, com os cidadãos na periferia da cidade capital, e o 15/15, que consistia no contato com os cidadãos residentes noutras províncias.  

"Hoje o trabalho será completamente diferente. Haverá um trabalho que se vai circunscrever na organização e estruturação das bases e será o veículo da mensagem das políticas e das ideias da CASA do topo à base", sublinhou.

Luta no Parlamento

Nas eleições gerais de 23 de agosto, a coligação obteve 16 deputados e já pensa no pleito de 2022. Para isso, Manuel Fernandes afirma que é necessário "preparar a máquina para vencer as próximas eleições". O político explica que as suas lutas e conquistas também passarão pelo Parlamento angolano.

"Como estamos representados nas instituições, vamos fortalecer a CASA-CE lá onde estiver representada concretamente na Assembleia Nacional, bem como nos outros órgãos onde estiver representada em função do seu peso político, ou seja, da sua representatividade partidária", afirmou.

Angola politischen Rallye von CASA-CE Partei in Benguela Provinz
Abel Chivukuvuku havia prometido que "se não fosse governo faria parte do governo", mas coligação diz que frase foi mal interpretadaFoto: DW/N. S. D´Angola

Interpretação errada?

Durante a pré-campanha e a campanha eleitoral para as quartas eleições na história política e democrática de Angola, o presidente da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, havia prometido que "se não fosse governo faria parte do governo". A verdade é que, João Lourenço, candidato vencedor do pleito deste ano já constituiu o seu governo e a coligação não é parte.

Manuel Fernandes diz tratar-se de um mau entendido por parte da sociedade. "Houve uma interpretação errada daquilo que o Presidente quis dizer", diz. "Suponhamos que se um partido da oposição tivesse ganhado as eleições e não tivesse uma maioria absoluta iria recorrer a um partido na oposição para formar governo ou ter maioria no Parlamento. Se a CASA tivesse vencido também as eleições e não tivesse a maioria faria o mesmo processo", explica. Por este motivo, conclui: "Como não vencemos as eleições não temos como formar governo nem fazer parte do governo, já que é um governo da continuidade".

Coligação ou partido?

A coligação é constituída por seis partidos políticos, nomeadamente, o PADDA - Aliança Patriótica, o Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), o Partido Pacífico Angolano (PPA), o Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA), o Bloco Democrático (BD) e o PDP-ANA. Estes dois últimos aderiram à coligação este ano.

Já houve uma tentativa falhada de transformar a coligação em partido político. Questionado sobre o assunto, Manuel Fernandes diz que o debate interno continua e que a efetivação do processo depende em grande medida da vontade política das formações que a constituem.

"A transformação é o que a maioria deseja, mas há um conjunto de pressupostos que fazem chegar até lá. Porquanto não depende simplesmente da vontade dos dirigentes da CASA", diz Manuel Fernandes.