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Para especialistas, crise na UE pode prejudicar ajuda ao desenvolvimento

3 de agosto de 2012

A Europa é o maior doador de assistência ao desenvolvimento do mundo. Mas estudo de organização belga diz que europeus estão longe de cumprir promessa de transferir 0,7% do PIB para países mais pobres a partir de 2015.

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A crise na Europa
A crise na EuropaFoto: Fotolia/Stauke

Mais de metade do dinheiro canalizado para os países pobres vem dos 27 estados membros da União Europeia. Para além de projetos de assistência, a UE apoia também o comércio, abrindo os seus mercados às exportações dos países em vias de desenvolvimento. Quase 70% das importações agrárias na Europa são oriundos destes países.

Mas especialistas do setor alertam agora para a ameaça que paira sobre a política de desenvolvimento europeia. Recentemente, um estudo da organização ONE, sedeada em Bruxelas, chegou à conclusão que os europeus estão longe de cumprir a promessa de transferir anualmente para os países em vias de desenvolvimento 0,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) a partir de 2015. "Pela primeira vez em dez anos, em 2012 o financiamento da ajuda ao desenvolvimento sofreu um recuo na UE e 14 países reduziram as suas ajudas", diz Joanna Stratmann, da organização.

Além disso, a UE prometeu que metade das ajudas suplementares até 2015 seriam canalizadas para o continente africano, a sul do Saara. Mas Stratmann critica que mesmo alguns países europeus também não cumprem este critério.

Previsões pessimistas não veem aumento da assistência

Face às somas astronómicas necessitadas pela União Europeia para ajudar a salvar o euro em perigo por causa da crise de dívidas nalguns estados membros, torna-se difícil concentrar desviar a atenção para a ajuda ao desenvolvimento. Só o resgate dos bancos espanhóis vai custar 100 mil milhões de euros à união.

E por isso, também o Instituto Alemão da Política do Desenvolvimento, DIE, em Bona, chega a uma conclusão pessimista. Mario Negre, da DIE, não tem muitas esperanças que a UE aumente a sua assistência, como tinha planeado: "É improvável. O comportamento atual indicia o oposto. Os estados membros mostram-se pouco ambiciosos no cumprimento da meta", critica.

Não surpreende que os maiores cortes tenham sido efetuados pelos países mais afetados pela crise, como Portugal e a Grécia. Mas alguns Estados aumentaram a assistência. É o caso da Alemanha, Suécia e Bélgica.

Que importância tem a ajuda ao desenvolvimento para a UE?

Apesar das críticas, os especialistas concordam, por isso, que basicamente a UE está a fazer um bom trabalho. Em todo o caso este é o único grupo de países que tem metas concretas para o aumento da ajuda ao desenvolvimento. O Comissário responsável, Andris Piebalg, diz que está orgulhoso pelo conseguido até à data. "Constato que a assistência por nós prestada nas últimas décadas melhorou realmente a vida de muitas pessoas. Quer num hospital no Djibuti ou num parque eólico no Vietname ou num laboratório veterinário no Afeganistão, vi com os meus próprios olhos que a ajuda funciona", afirma Piebalg.

Brevemente a União Europeia vai publicar o planeamento futuro da sua política de desenvolvimento. Por enquanto os estados membros ainda negoceiam o orçamento da comunidade para os anos de 2014 a 2020. Só então se verá a importância que a política de desenvolvimento assume realmente na União Europeia mesmo em tempos difíceis.

Autores: Ralf Bosen/Cristina Krippahl
Edição: Renate Krieger/António Rocha

Plantio de arroz em Moçambique; mais da metade do orçamento do país depende de doadores internacionais
Plantio de arroz em Moçambique; mais da metade do orçamento do país depende de doadores internacionaisFoto: Estácio Valoi
O ministro alemão do Desenvolvimento Económico, Dirk Niebel (centro), no Ruanda em 2010: crise pode comprometer ajuda a países em desenvolvimento
O ministro alemão do Desenvolvimento Económico, Dirk Niebel (centro), no Ruanda em 2010: crise pode comprometer ajuda a países em desenvolvimentoFoto: picture alliance / dpa

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