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Parlamentares da África do Sul prometem debater saída do TPI

EFE | Lusa | AP | AFP | ac
10 de março de 2017

Justiça disse, em fevereiro, que a decisão do Governo de sair do Tribunal Penal Internacional era "inconstitucional", porque o Parlamento deveria ter sido consultado. Agora, a maioria parlamentar quer debater o assunto.

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Foto: picture-alliance/dpa/J. Vrijdag

O Governo sul-africano anunciou em outubro que tencionava abandonar o Tribunal Penal Internacional (TPI), mas anulou o pedido depois de o Supremo Tribunal de Pretória anunciar que a decisão era "inconstitucional". O tribunal argumentou a 22 de fevereiro que o processo deveria ter sido debatido e aprovado pelo Parlamento.

A maioria parlamentar quer, agora, discutir o dossier.

A Assembleia "vai avançar" com o processo de saída do TPI, anunciou na quinta-feira (09.03) Siphosezwe Masango, presidente do Comité parlamentar de Relações Internacionais.

"Vale a pena salientar que o tribunal não declarou inconstitucional a decisão sobre a retirada do TPI, mas a sua implementação sem a aprovação prévia do Parlamento", acrescentou.

Com o voto favorável do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o Governo teria então "luz verde" para iniciar os procedimentos de retirada. A partir do momento em que as Nações Unidas recebem uma carta do Estado-membro onde está expressa a intenção de se retirar, o processo até à saída efetiva do TPI demora cerca um ano.

Südafrika Vertrauensabstimmung im Parlament Jacob Zuma
Parlamento sul-africano quer retomar processo de saída do TPI, Governo não deverá ter nenhum obstáculoFoto: picture-alliance/dpa/N. Bothma

As consequências

No ano passado, a África do Sul anunciou que queria sair do TPI por as obrigações do Estatuto de Roma, o tratado constitutivo do tribunal, colidirem com a lei nacional de imunidade diplomática. Pretória disse ainda que a o facto de ser membro do tribunal estava a afetar as suas relações com outros Estados.

 Em 2015, o país recusou-se a deter o Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, acusado de crimes de genocídio e de guerra, desafiando abertamente o TPI. Al-Bashir estava em Joanesburgo para participar numa cimeira da União Africana.

Segundo Philipp de Wet, jornalista do diário sul-africano Mail & Guardian, a decisão do Governo sul-africano poderá afetar o relacionamento entre o TPI e a União Africana no seu todo.

"A atitude da África do Sul irá provavelmente influenciar as posições da União Africana. E isso terá consequências bastante significativas a vários níveis multilaterais", afirma de Wet em entrevista à DW.

O jornalista lembra que, há apenas um mês, a UA encorajou os Estados-membros a abandonarem o TPI, recomendando que aderissem, em alternativa, a um Tribunal de Justiça da organização.

No final do ano passado, a Gâmbia notificou as Nações Unidas de que iria sair do TPI, mas o novo Governo do Presidente Adama Barrow anulou a decisão. O Burundi também anunciou a sua retirada do tribunal e o Quénia está a ponderar a questão.

Parlamentares da África do Sul prometem debater saída do TPI

Atualmente, nove das dez investigações em curso no TPI referem-se a países africanos - o caso que resta é sobre a Geórgia.

O jornalista Philipp de Wet diz, no entanto, que a opinião pública na África do Sul tem-se mostrado largamente a favor da permanência do país como membro do TPI: "Existe uma convicção profunda, no seio da população, de que, se o Tribunal Penal Internacional não satisfaz por completo, e se ainda não tem um papel preponderante, isso deverá ser melhorado dentro do TPI e não fora dele."