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Parlamento angolano aprova missão militar em Cabo Delgado

27 de julho de 2021

Angola vai enviar 20 militares e uma aeronave para a província moçambicana de Cabo Delgado. Os efetivos angolanos integram a missão da SADC de apoio às forças de defesa de Moçambique contra o terrorismo no norte do país.

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Angola Cabinda & Luanda | Armee
Foto: DW/B. Ndomba

O Parlamento angolano aprovou esta terça-feira (27.07), por unanimidade, o envio de militares angolanos para apoiar as forças de manutenção de paz da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) na província moçambicana de Cabo Delgado, assolada pelo terrorismo.

Angola vai enviar 20 efetivos e uma aeronave do tipo "IL 76" de projeção estratégica. O embarque das tropas angolanas está marcado para esta sexta-feira, segundo o general Francisco Furtado, ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República.

"Oficialmente, esta é a primeira missão das Forças Armadas Angolanas na vertente de imposição de paz", afirmou o governante, salientando que os militares não serão destacados para o teatro operacional.

A operação em Cabo Delgado terá a duração de três meses e tem um custo inicial de 575 mil dólares (o equivalente a 488 mil euros) para as Forças Armadas Angolanas, embora a "comparticipação global" ultrapasse um milhão de dólares, referiu o ministro.

Medo de retaliação

Os efetivos angolanos integram a missão militar da SADC como assessores no apoio as forças de defesa de Moçambique que combatem o terrorismo.

Angola Luanda | Parlament - Assembleia Nacional
Envio de tropas angolanas para Moçambique foi aprovado por unanimidadeFoto: DW/B. Ndomba

Durante o debate parlamentar sobre o envio das tropas, esta terça-feira, o deputado José Lopes Semedo, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), referiu que o terrorismo em Cabo Delgado deve ser encarado como um problema de toda a região da África Austral.

"Seria um crasso erro estratégico encarar e analisar o terrorismo em Moçambique como um caso isolado", afirmou.

Mas alguns parlamentares angolanos alertaram que o sucesso da missão depende de como os militares da SADC vão lidar com as sensibilidades locais, étnicos-religiosas. Esperam também que a intervenção não resulte numa retaliação.

Lucas Ngonda, deputado da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) na Assembleia Nacional, receia que Angola se envolva num conflito interno em Moçambique.

"As tensões continuam entre a RENAMO [Resistência Nacional Moçambicana] e o Estado moçambicano. O nosso receio, senhor Presidente, é que Angola se envolva numa guerra civil camuflada em guerra contra um Estado Islâmico não bem identificado", disse Ngonda. "Todavia, concordamos que Angola não pode ficar indiferente perante este perigo que a região enfrenta."

Angola Benedito Daniel Präsidentschaftskandidat der Partei PRS
Benedito Daniel, do PRSFoto: DW/M. Luamba

Um gesto solidário

Benedito Daniel, deputado do Partido de Renovação Social (PRS), espera que Moçambique saiba aproveitar a missão da SADC "para que, o que se entende por apoio, não se constitua rapidamente numa armadilha".

O maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), diz ter votado a favor do envio de militares para Moçambique porque o continente africano precisa de paz. O líder parlamentar do Galo Negro, Liberty Chiaka, fez ainda votos Fazemos votos "para que os nossos irmãos voltem bem ao nosso país".

Esta foi a primeira vez que o Presidente da República, João Lourenço, pediu autorização ao Parlamento para o envio de tropas angolanas para o exterior, depois das operações no Congo Brazzaville, República Democrática do Congo e Guiné-Bissau.

Artigo atualizado às 18:58 (CET) de 27 de julho de 2021.

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