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População descontente com aumento de preços dos transportes

Bernardo Jequete (Chimoio)11 de agosto de 2016

Na província de Manica, no centro de Moçambique, passageiros dos transportes coletivos contestam o aumento repentino das tarifas. Também o Governo provincial recusou a proposta dos transportadores.

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Foto: DW/B. Jequete

Em Chimoio, capital provincial de Manica, passageiros dos transportes coletivos não estão de acordo com o aumento verificado. O Governo provincial também refutou a proposta de aumento do preço dos transportes apresentada pela Associação dos Transportadores de Passageiros de Manica.

Apesar dos protestos e da recusa do Governo, alguns transportadores decidiram aplicar a medida. Alegam que por causa da insegurança nas estradas provocada pelo agravamento da violência político-militar têm de utilizar rotas alternativas, o que acarreta um maior consumo de combustíveis.

Para o distrito de Gondola, na província de Manica, por exemplo, os operadores já estão a cobrar 25 meticais (cerca de 33 cêntimos de euro) contra os anteriores 20 meticais (cerca de 26 cêntimos).A situação está a ser contestada pelos passageiros, que não conseguem encontrar alternativas para chegar aos seus destinos.

Aumento de preço não autorizado pelo Governo

Mosambik Maria da Imaculada Gabriel in Chimoio
Maria da Imaculada Gabriel, diretora provincial dos transportes e comunicações de ManicaFoto: DW/B. Jequete

A DW África falou com alguns passageiros, que denunciaram que estão a ser praticados preços não autorizados. Indefesos, os utentes dizem estar a ser obrigados a pagar quantias avultadas e queixam-se que as autoridades não estão a pôr cobro a esta situação.

“Os preços subiram muito”, diz um enquanto outro passageiro acrescenta que “ontem era um preço e hoje é outro. Somos informados dos aumentos de um dia para outro. Ninguiém nega isso”

Outro passageiro ouvido pela DW África, que não quis ser identificado, queixa-se da actuação dos fiscais da Associação dos Transportadores de Passageiros de Manica:

“Estamos a ser cobrados valores de uma nova tarifa que o Governo interditou. Os fiscais estão aqui, eles só assistem e não fazem nada”.

Alguns transportadores decidiram unilateralmente aplicar uma medida proposta pela Associação dos Transportadores de Passageiros de Manica. A ATPM queria aumentar em 25% os preços dos transportes coletivos, no início deste mês. Mas o Governo Provincial recusou a proposta.

Preço de combustível inalterável
Não há motivos que justifiquem a medida, uma vez que o preço de combustível continua inalterável no mercado, afirmou a diretora provincial dos transportes e comunicações de Manica, Maria da Imaculada Gabriel:

Mosambik Alfredo Canheze in Chimoio
Alfredo Canheze, Presidente da Associação dos Transportadores de Passageiros de ManicaFoto: DW/B. Jequete

"Na província de Manica não haverá subida dos preços de transportes de passageiros inter-distritais. Através de uma nota tivemos conhecimento que a ATPM iria subir a tarifa na ordem de 25%, estando a violar o regulamento de transportes em automóvel, por esta razão decidimos interditar esta subida, porque ainda não foi aprovada pelo Governo provincial".

Governo provincial promete solucionar brevemente o problema

Quem faz os ajustes e aprova as tarifas é o Governo provincial, lembrou Maria da Imaculada Gabriel, que prometeu resolver a situação em breve.

"Apelamos a continuarem a aplicar os preços anteriores até à sua aprovação. Ainda apelar à população para denunciar qualquer tentativa de aplicação da suposta nova tarifa. Portanto, neste momento estamos a trabalhar para resolver o problema. Pedimos um pouco de calma porque brevemente teremos uma solução".

O presidente da ATPM, Alfredo Canheze, reconheceu que o preço dos combustíveis não sofreu nenhum agravamento nos últimos tempos. Mas o preço dos acessórios das viaturas registou um "aumento galopante" no mercado, encarecendo o processo de manutenção das viaturas e afectando os rendimentos finais dos transportadores. Tudo isso agravado pela depreciação da moeda nacional.

“Informamos o Governo através de uma carta onde explicamos detalhadamente as razões deste aumento. Ficamos muito tempo à espera e não tivemos resultados. Por isso, havíamos decidido avançar com as novas tarifas. Foi então que o Governo decidiu impedir para dar lugar uma discussão em torno deste assunto".Segundo Alfredo Canheze, os transportadores e o público em geral já estavam informados sobre a introdução de novos preços. O último reajuste das tarifas ocorreu há cinco anos. Por isso, o responsável da Associação dos Transportadores de Passageiros de Manica defende que é preciso reexaminar a tabela em vigor.

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