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Pelo menos 30 mortos em ataque terrorista no Burkina Faso

AFP | Lusa | mjp
31 de maio de 2020

Homens armados abriram fogo num mercado no leste do Burkina Faso e mataram pelo menos 30 pessoas, dizem testemunhas. É o segundo atentado no país no espaço de dois dias.

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Foto de arquivo (2018): Ataque contra embaixada francesa em OuagadougouFoto: Getty Images/AFP/A. Ouoba

Homens armados mataram cerca de 30 pessoas num mercado na vila de Kompienbiga, no leste do Burkina Faso, no sábado (30.05), segundo relatos de residentes, este domingo.

Fonte das forças de segurança citada pela agência de notícias France Presse atribui o atentado a extremistas islâmicos.

Os atacantes "irromperam pelo mercado em motorizadas e começaram a disparar, especialmente contra as pessoas que tentavam fugir", descreveu um residente, estimando em 30 o total de vítimas mortais.

Um segundo residente citado pela AFP fala em "mais de 30 cadáveres" recolhidos após o ataque, no sábado.

Uma fonte de segurança, que se recusou a fazer um balanço, confirmou que "o atentado foi levado a cabo no mercado de gado, que normalmente se realiza aos sábados" por "elementos de grupos terroristas armados que chegaram de motorizadas". 

Um governante local fala em "várias dezenas de mortos, incluindo lojistas e residentes locais".

15 mortos em ataque no norte

É o segundo atentado terrorista no país no espaço de dois dias: na sexta-feira, extremistas islâmicos mataram 15 pessoas, incluindo crianças, num ataque contra um grupo de comerciantes que viajavam entre vilas no norte do Burkina Faso, segundo o Governo.

As vítimas do ataque de sexta-feira na província de Lorum estavam a ser acompanhadas por milícia de autodefesa local que seria o alvo dos terroristas, de acordo com um relatório de segurança distribuído a organizações humanitárias a trabalhar no país.

Afrika | Burkina Faso | Soldaten im Einsatz in Ouagadougou
Soldados em formação em Ouagadougou durante a simulação de um atentadoFoto: Imagao Images/ZUMA Press/A. Alcantar

Segundo o porta-voz do Governo Remis Fulgance Dandjinou, o ataque foi uma resposta aos esforços crescentes do exército para travar a escalada de violência.

O leste e o norte do Burkina Faso são as regiões mais afetadas pela violência jihadista no país, que deixou mais de 900 mortos e 860.000 deslocados nos últimos cinco anos.

"Impacto devastador" na educação

Na terça-feira (26.05), a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) alertou para o "impacto devastador" na educação das crianças do Burkina Faso dos crescentes ataques armados de grupos islâmicos contra professores, alunos e escolas.

Num relatório  de mais de 100 páginas, a ONG documenta dezenas de ataques relacionados com a educação por grupos islâmicos armados em seis das 13 regiões do país, entre 2017 e 2020. Os grupos mataram, espancaram, raptaram e ameaçaram professores, intimidaram estudantes, aterrorizaram pais para manter as crianças fora da escola e danificaram, destruíram ou saquearam as escolas.

"Os grupos islâmicos armados que visam professores, alunos e escolas do Burkina Faso não só cometem crimes de guerra, como estão a anular anos de progresso na melhoria do acesso das crianças à educação", afirmou Lauren Seibert, investigadora sobre direitos das crianças da HRW e autora do relatório. 

"O Governo do Burkina Faso deve investigar estes ataques, garantir que as crianças recuperem o acesso à educação e prestar o apoio necessário aos trabalhadores da educação que sofreram ataques", acrescentou.

Segundo dados do Ministério da Educação do Burkina Faso, pelo menos 222 funcionários da educação tinham sido "vítimas de ataques terroristas" até ao final de abril. Antes de o Governo ter encerrado todas as escolas a nível nacional, em meados de março, em resposta à pandemia de Covid-19, 2.500 escolas já tinham encerrado devido a ataques ou à insegurança, privando quase 350 mil estudantes do acesso à educação.

A HRW denuncia o aumento crescente da violência armada, quer por parte dos grupos islâmicos quer das milícias de autodefesa e das forças de segurança governamentais.

Um recrudescimento dos ataques registado em 2019 prolongou-se durante 2020, causando mais de 830 mil deslocados.

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