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PolíticaCosta do Marfim

Nove mortos em confrontos pós-eleitorais na Costa do Marfim

Lusa | AFP
10 de novembro de 2020

Violência pós-eleitoral na Costa do Marfim fez pelo menos nove mortos e mais de 50 feridos na segunda-feira (09.11), dia em que o Conselho Constitucional validou a reeleição do Presidente Alassane Ouattara.

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Foto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

Em Daoukro, um bastião do ex-Presidente e principal opositor Henri Konan Bédié no centro do país, os "confrontos intercomunitários provocaram seis mortos e 51 feridos", afirmou a presidente da câmara, Solange Aka, citada pela agência France-Presse (AFP).

"Uma [pessoa] foi decapitada e outra" foi queimada até à morte, referiu a governante, que indicou que o bloqueio das estradas por militantes dificultou a retirada dos feridos.

Em Elibou, também no centro do país, outras três pessoas morreram em confrontos entre membros das forças de segurança e habitantes de várias localidades, que se manifestaram ao bloquearem uma autoestrada, segundo testemunhos citados pela AFP.

A oposição tinha pedido para esta segunda-feira um dia de mobilização contra os resultados presidenciais de 31 de outubro, que acabou por resiltar em incidentes em várias cidades do sul do país.

Refúgio na Libéria

Muitos marfinenses já fugiram da violência relacionada com as presidenciais de 31 de outubro e procuraram refúgio na vizinha Libéria. "Temos 3.600 pessoas que atravessaram a fronteira entre a Costa do Marfim e a Libéria", disse a representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em Monróvia, Roseline Okoro.

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Conselho Constitucional validou eleição de Ouattara para terceiro mandatoFoto: picture-alliance/dpa/S. Muylaert

Pelo menos 23 pessoas foram mortas desde as eleições de 31 de outubro e mais de 50 morreram desde o anúncio da candidatura de Ouattara a um terceiro mandato, em agosto.

A oposição, rejeitando a perspetiva de um terceiro mandato para o atual Presidente, Alassane Ouattara, boicotou o escrutínio e lançou uma campanha de desobediência civil. Após a eleição e o anúncio da vitória de Ouattara, na primeira volta, anunciou a formação de um conselho nacional de transição.

Vitória de Ouattara validada

O Conselho Constitucional validou ontem a reeleição de Alassane Ouattara, com 94,27% - 3.031.483 votos de um total de 3.215.909 votos expressos num escrutínio marcado pela violência.

Após o anúncio, Ouattara apelou, num discurso à nação transmitido pela televisão, ao seu principal opositor, Bédié, para uma "reunião nos próximos dias para um diálogo franco e sincero".

De acordo com as votações validadas pelo Conselho Constitucional, o candidato independente Kouadio Konan Bertin ficou em segundo lugar com 1,99% dos votos (64.011 votos). O antigo presidente Henri Konan Bédié terminou em terceiro com 1,66% (53.330 votos) e o antigo primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan em quarto com 0,99% (31.986 votos).

 A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos presidenciais, mas o Conselho Constitucional considerou que, com a reforma adotada em 2016, a contagem de mandatos de Ouattara tinha sido recolocada a zero, dando cobertura a uma nova candidatura.

Eleições tensas na Costa do Marfim