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PGR confirma quatro detidos por desvio de doações

Arcénio Sebastião (Beira)
5 de abril de 2019

Foi confirmada a detenção de três cidadãos por suspeita de roubos e desvios de donativos destinados às vítimas das inundações provocadas pelo ciclone Idai em Sofala.

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Hilfe für Zyklonopfer Idai in Mosambik
Reunião entre Programa Alimentar Mundial (PAM), Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários)Foto: DW/A. Sebastiao

Foi confirmada a detenção, para averiguação, de cidadãos em conexão com roubos e desvios de donativos destinados às vítimas das inundações provocadas pelo ciclone Idai em Sofala. A Procuradoria-Geral da República (PGR) diz que essas investigações envolvem quatro pessoas, cuja identidade não revelou.

Numa conferência de imprensa realizada esta sexta-feira em Sofala, o porta-voz da Procuradoria Geral da República, Joaquim Tomo, não revelou a origem ou a identidade dos quatro arguidos, que foram detidos hora antes pela polícia. "Temos três detidos como devem saber que desviaram 19 sacos de arroz de 25 quilos, 19 sacos de farinha de 10 quilos, 11 sacos de soja de 10 quilos e um saco de feijão manteiga de 100 quilos. Este é um dos casos que ocorreu no início desta semana. Existem outros casos que ocorreram no Dondo. Temos ainda um outro processo de um arguido também acusado de desvio de donativos".

INGC reage

O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), através da sua diretora-geral, Augusta Maita, afirma diz que desconhece esses caos, mas considera preocupante esta situação que coloca em perigo todo um trabalho de ajuda às vítimas do recente ciclone Idai que com a sua passagem deixou várias mortes, milhares de desalojados, muita destruição e avultados prejuízos materiais.

Hilfe für Zyklonopfer Idai in Mosambik
Augusta MaitaFoto: DW/A. Sebastiao

"O instituto nacional de gestão de calamidades não tinha até agora o indício de que um funcionário seu estivesse directamente envolvido neste processo. Se a procuradoria está a fazer estes processos e há indícios nós agradecemos" esclarece Maita.

Recorde-se, que o INGC anunciou na passada terça-feira (02.04.) que decidiu reforçar a fiscalização na distribuição de alimentos às comunidades afetadas pelo ciclone Idai, precisamente numa altura em que aumentavam as denúncias de desvios de donativos.

Na ocasião, Augusta Maita lançou um apelo aos moçambicanos para que denunciassem casos de desvios de donativos, considerando que a assistência às populações afetadas tem sido um "processo absolutamente complexo".Entretanto, a PGR antevê mais casos de roubo e desvios nos próximos dias pois diariamente dão entrada naquela instituição várias denúncias, como disse à DW Joaquim Tomo. "Há muitas participações que deram entrada. Estamos a averiguar caso a caso para que depois venham a ser autuados como crime de furto neste caso".

Foi confirmada a detenção de três cidadãos por suspeita de roubos e desvios de donativos.

Face à esta complexa situação, como já é considerada por alguns observadores no terreno e com vista a pôr fim às denúncias o INGC instalou uma linha verde para onde os cidadãos podem telefonar e denunciar em tempo real qualquer irregularidade que seja constatada na distribuição das ajudas às vítimas do ciclone, afirma Augusta Maita. "Gostaríamos de anunciar que está disponibilizada já desde a uma semana atrás uma linha verde cujo número é 8231441 através da qual toda a sociedade pode denunciar actos concretos que tenham evidências sobre o desvio de bens".

Ajuda da União Europeia

Entretanto, foi anunciado em Maputo esta sexta-feira que a União Europeia (UE) desembolsou um milhão de euros para o apoio às despesas logísticas da assistência humanitária às vítimas do ciclone Idai. A verba foi entregue ao Programa Alimentar Mundial, na qualidade de coordenador do Grupo Global de Logística, refere um comunicado daquela organização das Nações Unidas.

O número de pessoas afetadas pelo ciclone Idai e pelas cheias em Moçambique subiu para 1,4 milhões, segundo os dados das autoridades moçambicanas. A atualização de hoje feita pelo INGC mantém o número de mortos em 598 e o total de feridos em 1.641.