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Polícia da Zambézia preocupada com "caça às feiticeiras"

17 de abril de 2018

Só nos últimos três meses, quatro mulheres foram mortas na província moçambicana da Zambézia, acusadas de feitiçaria. Polícia garante que está a fazer tudo o possível para pôr fim aos assassinatos.

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(Fotografia de arquivo)Foto: Ann-Christine Woehrl/Echo Photo Agency

A polícia na província da Zambézia, no centro de Moçambique, diz que são jovens que estão a assassinar as mulheres, por suspeita de feitiçaria. Os jovens acusam-nas de os enfeitiçarem para não progredirem na carreira e dizem que elas estão a afastar a população da ilha de Inhassunge para outras zonas.

Polícia da Zambézia preocupada com "caça às feiticeiras"

"Só este ano tivemos quatro casos, com principal incidência no distrito de Inhassunge, em que as vítimas foram anciões com idades compreendidas entre os 50 aos 70 anos de idade, acusados de prática de feitiçaria", refere Miguel Caetano, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia (na foto). "Realmente, isso preocupa as autoridades".

Este não é um fenómeno novo na região. No passado, já houve outros casos de assassinatos com recurso a catanas. As vítimas são sempre mulheres.

Como travar onda de assassinatos?

O líder comunitário Elias Ovuza também está preocupado: "Eu sou da terceira idade e tenho medo de, mais tarde, os meus filhos me dizerem que sou feiticeiro", afirma. "Para diminuir esse tipo de crime, é preciso que nos sentemos com os jovens e os aconselhemos".

 Bairro Mussama
Bairro Mussama, na ilha de Inhanssunge, uma das zonas despovoadas por causa do desparecimento do coqueiro, a principal fonte de rendimento das famíliasFoto: DW/M. Mueia

A fuga da população não tem nada a ver com feitiços, sublinham vários habitantes entrevistados pela DW África. De acordo com Abílio Borge, residente em Inhassunge, as más condições de vida na linha é o que tem causado o êxodo.

"O coqueiro, que era uma das principais fontes de renda, está a desaparecer", diz Borge.

"O serviço lá era a venda de coco. As pessoas sobreviviam por causa disso, agora já não existe nada", acrescenta a residente Angelina José.

A polícia garante estar a fazer tudo o possível para travar os assassinatos das mulheres. Segundo o porta-voz da PRM na Zambézia, Miguel Caetano, o trabalho com a comunidade local é fundamental: "É um trabalho que a polícia, em coordenação com as estruturas comunitárias, está a desencadear com vista a reverter este cenário", conclui.