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PolíticaSudão

Polícia do Sudão reprime protesto anti-golpe

AFP | tms
17 de janeiro de 2022

Milhares de pessoas voltaram às ruas do Sudão para protestar contra os militares que tomaram o poder no país. Mas a manifestação que pretendia chegar à sede do Governo foi duramente reprimida pela polícia.

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Protestos em Cartum a 17 de Janeiro
Foto: AFP/Getty Images

Manifestantes carregando a bandeira sudanesa protestaram, esta segunda-feira (17.01), em várias cidades do país.

Em Cartum, as forças de segurança deslocaram-se em grande número para o local do protesto, no centro da capital, e lançaram granadas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes que rumavam ao Palácio Presidencial, disse um correspondente da agência de notícias France Press.

Sawsan Salah, da cidade de Omdurman, disse que os manifestantes queimaram pneus de automóveis e empunhavam fotografias de pessoas mortas durante outras manifestações desde o golpe de Estado de 25 de outubro de 2021.

Em Wad Madani, "cerca de 2.000 pessoas saíram à rua enquanto exigiam um Governo civil", disse Emad Mohammed, outra testemunha.

Repressão

Os manifestantes têm saído regularmente às ruas apesar da repressão violenta das forças de segurança e de cortes periódicos nas comunicações desde o golpe liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan.

Protestos em Cartum a 17 de janeiro
Polícia lançou gás lacrimogénio contra os manifestantesFoto: Ebrahim Hamid/AFP/Getty Images

A tomada do poder pelos militares desencadeou uma ampla condenação internacional e descarrilou uma frágil transição para o Governo civil após a expulsão do Presidente Omar al-Bashir, em abril de 2019.

A repressão matou até agora pelo menos 64 pessoas e deixou centenas de feridos, de acordo com um grupo independente de médicos.

Na quinta-feira (13.01), as autoridades sudanesas disseram que os manifestantes esfaquearam até à morte um general da polícia, a primeira morte entre as forças de segurança.

As autoridades negaram repetidamente o uso de munições reais nos confrontos com os manifestantes e insistem que dezenas de agentes de segurança foram feridos durante os protestos.

Encontro em Riade 

A partir desta segunda-feira, o enviado especial dos EUA para o Corno de África, David Satterfield, e a subsecretária de Estado norte-americana para os Assuntos Africanos, Molly Phee, encontram-se em Riade com os Amigos do Sudão, um grupo que apela à restauração do Governo de transição do país.

O encontro visa "mobilizar apoio internacional" para a missão da ONU, de forma a "facilitar uma renovada transição civil para a democracia" no Sudão, lê-se num comunicado do Departamento de Estado norte-americano.

Sudan | Proteste in Khartoum
Protesto em Cartum tentava chegar ao Palácio PresidencialFoto: AFP/Getty Images

Os diplomatas deslocam-se depois a Cartum para encontros com ativistas pró-democracia, grupos cívicos, militares e figuras políticas.

"A mensagem será clara: Os Estados Unidos estão empenhados na liberdade, paz e justiça para o povo sudanês", avançou o Departamento de Estado.

Novas conversações

As Nações Unidas anunciaram na semana passada que irão lançar conversações envolvendo atores políticos, militares e sociais para ajudar a resolver a crise.

A principal fação civil das Forças pela Liberdade e Mudança, o principal grupo civil pró-democracia, disse que aceitaria a oferta das Nações Unidas para conversações se reanimasse a transição para um regime civil.

As propostas de conversações foram bem recebidas pelo Conselho Soberano no poder, formado por Burhan após o golpe de Estado com ele próprio como Presidente.

Burhan insistiu que a tomada do poder pelos militares "não foi um golpe de Estado", serve apenas para "retificar o curso da transição sudanesa".

No início deste mês, o primeiro-ministro civil sudanês Abdalla Hamdok demitiu-se, dizendo que o país se encontrava agora "numa encruzilhada perigosa que ameaçava a sua própria sobrevivência".

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