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Políticas angolanas para redução da fome são superficiais

Anselmo Vieira (Huila, Angola)9 de junho de 2014

Quem o diz são organizações não governamentais que criticam centralização dos programas e falta de incentivos para as comunidades lutarem pelo próprio sustento.

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Foto: picture-alliance/Ton Koene

O executivo angolano tem adotado diversas políticas a fim de diminuir a falta de alimentos que assola grande parte da população em Angola, principalmente a que vive em zonas rurais.

Uma das iniciativas é o programa de combate a fome e a pobreza - criado há 12 anos – e que deverá terminar em 2015 por falta de sustentabilidade.

Mas o programa em questão é tido como superficial por organizações como a Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), a Associação Construindo Comunidades (ACC) e a Caritas (da Igreja Católica). Todas acreditam que o Estado angolano precisa deixar de oferecer bens às populações, mas criar políticas de incentivo ao trabalho, para que as comunidades sobrevivam com o próprio esforço.

"As pessoas precisam trabalhar"

Outro elemento que inviabiliza a ideia do Estado, na opinião das ONGs, é a centralização dos programas. Atualmente, os administradores locais não passam de espectadores, quando deveriam ser os coordenadores dos projetos visto que conhecem melhor as dificuldades pelas quais passam as suas populações.

Dürre in Huila Angola
25% da população angolana é afetada pela seca (Caritas)Foto: DW/A. Vieira

Fernando Pacheco, presidente da ADRA, defende que a centralização é a razão pela qual os programas de redução da fome e da pobreza não se destacam. Da forma como ocorre hoje, não existe possibilidade de o administrador local se integrar aos projetos, comenta.

O diretor executivo da ACC, Domingos Francisco Fingo, acredita que é preciso fazer com que as famílias se habituem a trabalhar para o seu próprio sustento, dando-lhes meios para tal. “A descentralização do programa da redução da fome e da pobreza traria uma mais-valia no seio das próprias comunidades trabalhando para a sua auto-sustentabilidade”.

O Estado angolano é o principal culpado desta realidade, diz ele. “Não há responsabilidade por parte do governo para a distribuição de meios de produção e fertilizantes que pudessem garantir uma dieta alimentar razoável às comunidades que passam fome”.

De acordo com a Caritas, aproximadamente 25% da população angolana é afetada pela seca, principalmente no centro e sul de Angola. E isso quando o país caminha para cumprir as metas de Desenvolvimento do Milênio que é a redução da fome para metade até 2015.

Entre os projetos para reduzir a escassez de alimentos e a pobreza está a reintegração de antigos combatentes e veteranos da pátria que com as suas várias formações técnico-profissionais poderiam garantir a sustentabilidade de famílias por meio da alfaiataria, agricultura, construção civil e carpintaria por exemplo. Mas de acordo com Nunes Manuel, presidente do Fórum Independente dos Desmobilizados de Guerra de Angola (FIDEGA), essa realidade não passa de uma miragem porque o processo está viciado, acredita ele.

A equipe de reportagem procurou ouvir responsáveis do Ministério da Assistência e Reinserção Social e do Instituto de Reintegração Social dos Ex-militares. Mas todos alegaram falta de tempo para se pronunciar a respeito.

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