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Portugal prepara equipas médicas para combater ébola em África

João Carlos (Lisboa)22 de outubro de 2014

Portugal está a preparar equipas médicas para ajudar os países africanos de língua portuguesa na prevenção contra a epidemia do ébola. Guiné-Bissau é a principal preocupação para Lisboa.

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Trabalhadora sanitária da organização Médicos Sem Fronteiras afere a temperatura de uma cidadã em Kouremale, no MaliFoto: Reuters/J. Penney

As autoridades sanitárias portuguesas continuam atentas à situação em África, particularmente na África Ocidental, para onde poderão enviar especialistas integrados numa operação coordenada pela Organização Mundial da Saúde.

Lisboa está sobretudo preocupada com a Guiné-Bissau, onde o risco de contágio é maior, devido à presença alargada do vírus no país vizinho Guiné-Conacri.

Institut Ricardo Jorge in Lissabon
É o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge que está responsável pela análise laboratorial de possíveis casos de Ébola em PortugalFoto: DW/João Carlos

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estão em sintonia com a Direção-geral de Saúde (DGS) na preparação de equipas médicas para uma intervenção preventiva nos países africanos de língua portuguesa.

Equipa multidisplinar

A medida é assumida pelo Governo português que quer avançar com uma equipa multidisciplinar para a Guiné-Bissau, por fazer fronteira com a Guiné-Conacri, um dos focos da epidemia que afeta neste momento alguns países da África Ocidental.

“O Ministério da Saúde e o Governo português estão a preparar uma equipa multidisciplinar que inclui médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório e outros profissionais, em articulação com o Governo da Guiné-Bissau, para produzirmos capacidade de apoio”, avança Fernando de Almeida, presidente do INSA.

“Esperamos todos que não venha a ser necessário. Mas [deve haver] algum grau de preparação para que possamos prevenir e contribuir para que a República da Guiné-Bissau consiga lutar contra a epidemia”, esclarece.

O presidente do INSA adianta, em entrevista à DW África, que os voluntários têm de receber formação específica antes de integrarem a missão.

“A maioria já tem experiência de colaboração em países africanos e é nesse sentido que estamos a avaliar critérios para podermos formar, numa primeira fase, uma equipa multidisciplinar para lidar com pessoas que tenham sofrido de ébola na parte clínica, laboratorial, de prevenção e biossegurança”, frisa Fernando de Almeida.

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O esforço das autoridades portuguesas é no sentido de travar a importação de casos para Portugal, pela ligação direta que tem com países africanos lusófonos.

Recentemente houve três suspeitas de ébola em Portugal, mas depois de "devidamente analisadas pelo Instituto Ricardo Jorge" verificou-se "que eram paludismo”, garante Francisco George, diretor da DGS, organismo que coordena a operação.

“Devo dizer-lhe que nós estamos de facto preparados para esta eventualidade. Temos um risco, mas um risco baixo, até porque há pouco tráfego de pessoas entre a Libéria, a Serra Leoa, Conacri e Portugal. Mas estamos preocupados com a situação em África, nomeadamente nestes três países para além da República Democrática do Congo, porque há sempre o risco de propagação a outros países limítrofes, nomeadamente à Guiné-Bissau ou a Cabo Verde”, comenta o médico.

TAP adia retoma do voo Lisboa-Bissau

Francisco George deslocou-se à Guiné-Bissau poucos dias depois da Transportadora Aérea Portuguesa (TAP) ter comunicado que não retomaria os voos Lisboa-Bissau nos próximos 45 dias, por não estarem reunidas as condições operacionais necessárias.

A TAP planeou voltar a voar para Bissau no final de outubro depois de concluir que estavam ultrapassados os problemas de segurança que obrigaram a suspender as ligações aéreas em dezembro do ano passado, devido ao incidente com 74 sírios forçados a embarcar ilegalmente para Lisboa.

Fernando de Almeida vom Institut Ricardo Jorge in Lissabon
Fernando de Almeida, Presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo JorgeFoto: DW/João Carlos

Porém, fonte da companhia lusa admitiu a uma rádio portuguesa que o adiamento agora anunciado estaria relacionado com o surto de ébola na região.

“Não acho que seja uma medida extemporânea e despropositada. Mas com toda a sinceridade, neste momento não existe nenhum sinal de que haja pessoas na Guiné-Bissau com o vírus ébola”, conclui Fernando de Almeida.

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