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Presidente da Libéria deixará cargo em 2018

Martina Schwikowski | António Cascais
9 de outubro de 2017

Na Libéria, que vai a votos esta terça-feira (10.10), Ellen Johnson Sirleaf já anunciou que não vai mudar a Constituição para se recandidatar. Presidente é criticada no país por falhar no combate à pobreza.

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Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira presidente mulher de uma nação africanaFoto: T. Charlier/AFP/Getty Images

A Libéria, a mais antiga República de África, foi fundada há 170 anos. A Presidente Ellen Johnson Sirleaf está há mais de 10 anos à frente deste país, sendo a primeira mulher a ser eleita Presidente de uma nação africana. Foi em 2005 – ano em que a Libéria estava completamente destruída, depois de ter saído de uma sangrenta guerra civil que durara 14 anos e que matara mais de 250 mil pessoas.

É altura de fazer um balanço da sua atuação, uma vez que Ellen Johnson Sirleaf já anunciou que não se iria recandidatar nas próximas eleições. Mas esse balanço não é só positivo, dizem os observadores. A nível internacional, Sirleaf é bastante respeitada, é certo, mas a nível interno, as coisas não são bem assim. Muitos observadores dizem que Sirleaf falhou o objetivo principal: combater a pobreza e as desigualdades sociais. Sirleaf também é acusada de falta de transparência.

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Governação de Ellen Johnson Sirleaf é bem vista por líderes estrangeiros, mas presidente é criticada no país por nepotismo e falha no combate à pobrezaFoto: Getty Images/AFP/R. Michael

Alex Vines, pesquisador do "think tank” britânico Chattam House, lembra, no entanto, que Sirleaf conseguiu dar alguns passos na direção certa. A chefe de Estado manteve relações estreitas com Hillary Clinton, aquando da sua passagem pela administração Obama, atraiu apoios financeiros e vários acordos de perdão da dívida. Ela também conseguiu atrair alguns investidores estrangeiros, entre eles a ArcelorMittal, o maior produtor mundial de aço. Alex Vines lembra também que se deve a Ellen Sirleaf a reforma do setor dos diamantes na Libéria, que teve um triste papel no financiamento da guerra civil no país.

"Trabalhei com Sirleaf na Libéria entre 2001 e 2003 como inspetor das sanções impostas pelas Nações Unidas. O país estava numa situação desastrosa na altura. Voltei depois da guerra e com Sirleaf à frente do país. Ellen Sirleaf foi eleita depois do governo de transição de 2005 e cumpriu dois mandatos completos. O seu maior legado é a paz e também a estabilidade. É por isso que ela vai ser recordada. Entretanto, é certo que ela goza de mais admiração no estrangeiro do que na própria Libéria. E há que dizer que os problemas da desigualdade social e da pobreza continuam prementes no país, chega a ser deprimente", argumenta.

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Fonteh Akum, do Institituto de Segurança Internacional, sediado na África do Sul, é também de opinião que o balanço da carreira política de Ellen Johnson Sirleaf nem é de todo positivo, nem de todo negativo.

"Ela tentou resolver alguns dos problemas, mas muito ficou por fazer. O perigo da Libéria cair na violência continua real. Mas Sirleaf conseguiu, sem dúvida, dar um certo impulso à Libéria, com a ajuda da comunidade internacional. A ONU está a prestes a terminar a sua missão no país. Também é certo que o governo de Sirleaf foi repetidamente acusado de corrupção e nepotismo, porque dois dos seus filhos receberam postos no banco central do país. Isso contribuiu para uma certa corrosão da confiança que os liberianos depositavam nela, como presidente", explica o analista.

Em 2011, Ellen Johnson Sirleaf foi agraciada com o prémio Nobel da Paz pelo seu empenho em prol dos direitos e da segurança das mulheres no seu país. Foi isso também que lhe conferiu muita admiração a nível internacional. Em janeiro de 2018, deixará de ser presidente da Libéria. Ellen Johnson Sirleaf diz que não quer que a Constituição do país seja alterada, só para que ela possa manter-se no poder. Um gesto contra todos aqueles líderes africanos que se perpetuam no poder.

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