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Presidente de Cabo Verde prolonga estado de emergência

16 de abril de 2020

O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, estendeu o estado de emergência - até 2 de maio para as ilhas com casos de Covid-19 e até 26 de abril para as ilhas não atingidas.

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Foto: Nélio dos Santos

A pouco mais de 24 horas do término dos primeiros 20 dias do estado de emergência, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, prorrogou o prazo com diferenciação das ilhas com e sem casos de Covid-19.

"Depois de consultar o Governo, de ouvir as lideranças dos partidos com assento parlamentar, eminentes personalidades das esferas científica, empresarial, do mundo laboral e de praticamente todos os setores da sociedade civil, e depois de cumprir o preceituado na Constituição de ouvir o Governo, entendi por bem prorrogar o estado de emergência em todo o território nacional, pelo que já solicitei a necessária autorização da Assembleia Nacional", anunciou Jorge Carlos Fonseca numa comunicação ao país esta quinta-feira (16.04).

O número de casos confirmados do novo coronavírus no país disparou de 11 para 55. Na quarta-feira, foram registados 45 novos casos entre funcionários de um hotel na ilha da Boa Vista.

O Presidente cabo-verdiano decidiu que a prorrogação do estado de emergência terá uma duração menor nas ilhas sem casos diagnosticados até ao momento.

"Nas ilhas da Boa Vista [51 casos], Santiago [3] e São Vicente [1 caso], o estado de emergência vigorará das zero horas do dia 18 de abril até às 24 horas do dia 2 de maio e, nas ilhas de Santo Antão, São Nicolau, Sal, Maio, Fogo e Brava a duração será de apenas de 9 dias, com início às zero horas do dia 18 de Abril até às 24 horas do dia 26 de abril", explicou Jorge Carlos Fonseca.

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Ano letivo

Com as escolas temporariamente encerradas desde 20 de março, o chefe de Estado aconselhou o Governo a tomar medidas para não prejudicar os alunos e "não deixar ninguém para trás".

"O evoluir da situação ditará, nos próximos dias, as decisões do Governo sobre esta matéria", referiu Jorge Carlos Fonseca. "Sendo o direito de aprender e de ensinar componentes fundamentais do direito à educação, no meu decreto presidencial deixei todas as possibilidades que poderão ser usadas para garantir que ninguém fique prejudicado".

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Impacto económico

O Presidente da República mostrou-se também consciente das consequências "gravosas" que a suspensão de quase toda a atividade económica acarreta para Cabo Verde e para o rendimento das famílias.

"As previsões que as instituições internacionais estão a fazer da economia global e para Cabo Verde são muito más. Vamos passar de um crescimento de 6,5% em 2019 para um crescimento negativo em 2020. Este decréscimo tão acentuado da nossa economia vai ser doloroso para todos nós. Mas tudo isto será bem pior se descurarmos o recurso mais importante e valioso que Cabo Verde sempre teve: as pessoas", sublinhou.

Jorge Carlos Fonseca acrescentou que as empresas hoje estão encerradas e vão continuar encerradas por mais uns dias. "Se cumprirmos os planos traçados para prevenir a propagação da doença, para evitar que ela penetre noutras ilhas, todas as nossas empresas voltarão a funcionar e terão pessoas para trabalhar nelas. Pessoas saudáveis e motivadas para trabalhar. Apenas salvaremos a economia se salvarmos as pessoas!"

Governo e partidos reagem favoravelmente

Em entrevista à Rádio de Cabo Verde, o ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Elísio Freire, mostrou-se sintonizado com o decreto presidencial.

"O Governo sempre disse que era necessário o prolongamento do estado de emergência, que é preciso consolidarmos aquilo que estamos a fazer neste momento e que era um ato de proteção e defesa da saúde dos cabo-verdianos para podermos juntos vencer o vírus. Todas as ações que o Governo tomará só terão efeito se cada um de nós fizer a sua parte", afirmou.

Mitos e verdades sobre a Covid-19

Reagindo ao decreto presidencial, a presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Janira Hopffer Almada, frisou que a luta contra a pandemia da Covid-19 deve ser conjunta.

"A extensão do estado de emergência pode ajudar o país a fazer esse combate. Mas, não sendo um tempo perdido, é preciso que nós como país aumentemos a eficácia do combate à Covid-19", salientou.

O líder da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), António Monteiro, foi o único dirigente partidário a defender a manutenção do estado de emergência apenas nas ilhas afetadas. Reconheceu, porém, que "a análise do Presidente da República é mais consentânea com a realidade, uma vez que poderá haver casos assintomáticos que ainda não se manifestaram".

A secretária-geral do Movimento para a Democracia (MpD, partido governamental), Filomena Delgado, defendeu, no entanto, a extensão do estado de emergência a nível nacional: "O Presidente da República, com os dados que tinha, foi para a diferenciação das ilhas com e sem caso. Queremos apelar à população que cumpra as instruções das autoridades, particularmente nas ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente. Todos devemos estar juntos e unidos nesta luta", reforçou.

Kap Verde Premierminister Ulisses Correia e Silva
Primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e SilvaFoto: J. M. Borges

Primeiro-ministro visita Boa Vista

O primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva fez esta quinta-feira uma visita surpresa à ilha da Boa Vista, acompanhado dos ministros da Saúde e Segurança Social, Arlindo do Rosário, e da Administração Interna, Paulo Rocha. Ulisses Correia e Silva reuniu-se com as autoridades locais e com a Proteção Civil.

"A situação é controlável", afirmou. "Os casos dispararam a partir de um local muito determinado, mas o trabalho que está a ser feito no sentido de garantir o isolamento dá-nos garantias de que poderemos conter a propagação."

Ulisses Correia e Silva anunciou que o ministro da Administração Interna vai permanecer na ilha da Boa Vista nos próximos 15 dias para coordenar as ações de prevenção e combate à Covid-19.