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Presidente do Uganda responsabiliza ONG por protestos

Alex Gitta (Kampala) | nn
11 de setembro de 2018

Yoweri Museveni responsabiliza as organizações da sociedade civil e os meios de comunicação pelos protestos políticos violentos que eclodiram no Uganda, logo após a detenção do músico e opositor Bobi Wine.

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Foto: picture alliance/AP Photo/B. Chol

Num discurso televisivo que durou quatro horas, Yoweri Museveni acusou as organizações não-governamentais de financiarem as manifestações, mas garantiu que será por pouco tempo. "O Estado do Uganda não vai permitir que ninguém queime Kampala", avisou.

"As organizações não-governamentais (ONG) dão dinheiro a alguns de nossos jovens para queimar pneus nas estradas, atirar pedras, cometer incêndios criminosos, manipular eleições, espancar mulheres. Às vezes a nossa juventude entra nesses projetos criminosos porque quer dinheiro, mas não gostam de fazer isso", declarou. o chefe de Estado.

Antes do discurso de Museveni, o Governo anunciou uma investigação ao financiamento de várias ONG. O Executivo alega que muitos desses organismos promovem interesses estrangeiros.

Acusações "vazias"

"Essa acusação em si é vazia e tem o intuito de semear o descontentamento em relação às organizações da Sociedade Civil deste país", alerta Richard Sewakiryanga, diretor executivo do Fórum Nacional de ONG, que considera preocupantes as observações do Presidente.

Presidente do Uganda responsabiliza ONG por protestos

"O trabalho que fazemos é defender os direitos, promover melhorias na prestação de serviços, promover a boa governação deste país. Acho que é um trabalho legítimo e é um trabalho que acho que não deve levar ninguém a pensar que estamos a lutar contra o Uganda", sublinha Sewakiryanga.

Entretanto, o Presidente Yoweri Museveni também atacou os meios de comunicação locais e internacionais, acusando-os de serem falaciosos: "Só reportam o negativo, não transmitem o que acontece de positivo. Este país não lhes pertence, pertence-nos a nós."

Comunicação social sob ataque

Não é a primeira vez que os meios de comunicação social enfrentam a ira de Museveni. O seu Governo proibiu e chegou a encerrar emissoras de rádio e de televisão por receberem nos seus programas de informação figuras da oposição.

Segundo Robert Sempala, da Rede de Direitos Humanos para Jornalistas, o Presidente ugandês tem sido injusto com a comunicação social. "Há uma enorme falta de apreço pelo papel e importância que os meios de comunicação social desempenham numa sociedade. Mas também vemos o Presidente a tentar forçar os média a dar apenas audiência ao Governo e não às vozes dissidentes", diz.

Alguns meios de comunicação foram já avisados que podem perder as suas licenças de trabalho caso critiquem as decisões do Governo e não promovam as políticas de Kampala. No Uganda, é obrigatório dar tempo de antena aos funcionários do Executivo sempre que estes queiram promover programas do Governo.