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PolíticaBrasil

Brasil: Protestos após morte de um negro num supermecado

Reuters
21 de novembro de 2020

Milhares de manifestantes reuniram-se em várias cidades brasileiras nesta sexta-feira (20.11), após seguranças do grupo francês Carrefour terem espancado até a morte um homem negro numa loja em Porto Alegre, sul do país.

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Brasilien Protest wegen dem Tod von Joao Alberto Silveira Freitas
Brasileiros protestam contra a morte de João Alberto Silveira FreitasFoto: Amanda Perobelli/REUTERS

A morte de João Alberto, um homem negro de 40 anos, num supermercado Carrefour no Brasil na noite desta quinta-feira (19.11), gerou protestos em várias cidades brasileiras. 

O incidente ocorreu quando uma funcionária do estabelecimento chamou um dos seguranças no local, depois que o mesmo homem ameaçou atacá-la. A informação foi avançada pelos média locais, a citar a polícia do estado brasileiro do Rio Grande do Sul.

Nas redes sociais, imagens circularam a mostrar a violência fatal e também homenagens feitas à vítima, identificada pelos média locais pelo seu pai como João Alberto Silveira Freitas.

A página brasileira de notícias G1 informou, posteriormente, que uma análise indica que a causa da morte possa ser asfixia.

Em nota, nesta sexta-feira (20.11), a unidade local do grupo francês Carrefour SA disse que lamenta profundamente o que chamou de "morte brutal" e disse que "imediatamente, tomará medidas para garantir que aqueles responsáveis ​​sejam punidos legalmente".

"Empresa de segurança"

Brasilien I Tödlicher Angriff in Supermarkt
Jovem segura cartaz com crítica ao supermercado CarrefourFoto: Bruna Prado/AP/picture alliance

O grupo francês de supermercados disse ainda que iria rescindir o contrato com a empresa de segurança, demitir o funcionário responsável pela loja no momento do incidente e fechar o estabelecimento, como um ato de respeito.

Numa série de mensagens veiculadas pela rede social Twitter, nesta sexta-feira (20.11) à noite, o Presidente e CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, disse que as imagens postadas nas redes sociais eram "insuportáveis".

"Medidas internas foram imediatamente implementadas pelo grupo Carrefour Brasil, notadamente em relação à empresa de segurança envolvida [...]. Os meus valores e os valores do Carrefour não permitem racismo e violência", disse.

O mesmo pediu uma revisão do treinamento de subcontratados para segurança, em termos de diversidade, tolerância e valores.

"Pedi às equipas do Carrefour Brasil para plenamente cooperarem com as autoridades judiciais a fim de chegarmos ao cerne desta ação odiosa", acrescentou.

Protestos 

Brasilien Protest wegen dem Tod von Joao Alberto Silveira Freitas
Para expressar o seu repúdio ao homícidio, manifestantes saíram às ruas em várias cidades do BrasilFoto: Amanda Perobelli/REUTERS

Na cidade brasileira de Porto Alegre, sul do país, manifestantes distribuíram, na tarde desta sexta-feira (20.11), adesivos com o logotipo do Carrefour manchado de sangue e pediram boicote ao grupo de supermercados. Durante o ato, os manifestantes também ergueram uma faixa onde se podia ler "Black Lives Matter", e sinais clamando por justiça para "Beto", como a vítima foi chamada.

Entretanto, os protestos se tornaram violentos na noite de sexta-feira (20.11), quando os manifestantes quebraram janelas e veículos de entrega na área de estacionamento do supermercado. Uma testemunha da agência de notícias Reuters relatou que a polícia atirou gás lacrimogéneo contra os manifestantes.

Em São Paulo, dezenas de manifestantes partiram as janelas da frente de um estabelecimento Carrefour. Foram atiradas pedras, e as portas da frente arrancadas, o prédio também foi invadido. Os manifestantes derramaram produtos nos corredores. 

No Rio de Janeiro, cerca de 200 manifestantes reuniram-sa em frente a um estabelecimento do grupo francês.

Uma data célebre, o dia 20 de novembro é homenageado em várias partes do Brasil como o "Dia da Consciência Negra", mas este ano ficou manchado pelo ocorrido em Porto Alegre. 

Muitos críticos afirmam que o Brasil não é uma harmoniosa 'democracia racial', como se acredita.

O Presidente Jair Bolsonaro, de extrema direita, nega que haja racismo no país. Porém, os efeitos sócio-economicos da escravidão dos negros africanos, abolida no final do século XIX, ainda se mostram evidentes.

Os negros brasileiros têm quase três vezes mais chances de serem vítimas de homicídio, segundo dados do Governo, de 2019. 
 

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