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Protestos no Sudão: Número de mortos sobe para 24

AFP | AP | mjp
13 de janeiro de 2019

Forças de segurança voltaram a usar gás lacrimogéneo para dispersar novos protestos anti-Governo. União Europeia e organizações de defesa dos direitos humanos condenam uso de "balas reais" contra os manifestantes.

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Sudan Demonstrationen Proteste
Foto: Reuters/M. N. Abdallah

As forças anti-motim sudanesas dispararam gás lacrimogéneo contra os manifestantes anti-Governo reunidos na capital, Cartum, e na região do Darfur, este domingo (13.01) na sequência de apelo a protestos em todo o país contra o Presidente Omar al-Bashir.

"Liberdade, paz justiça" e "a revolução é a escolha do povo" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes nas ruas do bairro de Bahari, na capital, antes de serem reprimidos pelas forças de segurança, dizem testemunhas ouvidas pela agência de notícias France Presse.

No Darfur, naqueles que foram os primeiros protestos do género na região, após um apelo da Associação de Profissionais Sudaneses, a polícia lançou gás lacrimogéneo contra os manifestantes que saíram à rua nas cidades de El-Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, e Nyala, a capital de Darfur do Sul.

O Sudão é palco de manifestações desde 19 de dezembro, devido à decisão do Governo de triplicar o preço do pão e aumentar o preço do combustível. Agora, os manifestantes pedem a demissão do Presidente, há três décadas no poder.

Entretanto, as autoridades sudanesas atualizaram este sábado o balanço das vítimas dos protestos antigovernamentais, dando conta de 24 mortos nas últimas três semanas.

"O número de pessoas que morreram nos incidentes desde 19 de dezembro até agora é 24", indicou Amer Ibrahim, que dirige uma comissão instituída pelo Ministério Público para investigar os episódios de violência ocorridos nos protestos.

UE e ONG condenam repressão violenta

Sudan Khartoum - Sudans Präsident - Omar Bashir
Omar al-Bashir, Presidente do Sudão, numa conferência de imprensa sobre os protestos a 30 de dezembroFoto: picture-alliance/Xinhua News Agency/M. Khidir

O anterior balanço era de 22 mortos, incluindo dois membros dos serviços de segurança. No entanto, a ONG de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch e a Amnistia Internacional apontam para 40 vítimas mortais, incluindo crianças e pessoal médico.

Centenas de manifestações, inicialmente organizadas em pequenas cidades, antes de chegarem a Cartum, foram reprimidas pela polícia anti-motim e agentes de segurança, com recurso a gás lacrimogéneo.

Segundo a União Europeia e organizações humanitárias, as forças de segurança também dispararam "balas reais" contra os manifestantes.

"O uso da força pelas forças de segurança contra civis – incluindo o uso de balas reais – fez novas vítimas nos últimos dias", afirmou a União Europeia na sexta-feira.

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos no Sudão condenou igualmente "o uso de balas reais contra os cidadãos". É a primeira vez que um organismo do Governo reconhece este facto, embora o autor dos disparos não seja identificado.

O Presidente responsabiliza  "vândalos" e "conspiradores" pela violência das últimas semanas.

Em três semanas de protestos, foram detidas cerca de mil pessoas, incluindo ativistas, líderes da oposição e jornalistas, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.

Os organizadores das manifestações lançaram um apelo para protestos quase diários em todo o país, falando numa "Semana de revolta".