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Quénia: Violência agrava-se e aumenta número de mortos

Reuters | EFE | AP | Lusa | tms
12 de agosto de 2017

Protestos e confrontos violentos com a polícia intensificaram-se desde o anúncio oficial da reeleição do Presidente Uhuru Kenyatta. Oposição fala em 100 mortos.

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Governo queniano diz que polícia está a reagir a incidentes violentos "isolados"Foto: Getty Images/AFP/T. Karumba

A violência pós-eleitoral é crescente no Quénia desde que foi confirmada oficialmente a reeleição do Presidente Uhuru Kenyatta, na noite desta sexta-feira (11.08). Nos protestos deste sábado (12.08), que se espalham por diversas regiões do país, a oposição fala em 100 mortos, vítimas dos confrontos com a polícia.

O porta-voz da Super Aliança Nacional (NASA, sigla em inglês), James Orengo, disse que os corpos das vítimas, entre os quais havia dez menores, foram retirados das ruas para evitar que o "massacre" seja revelado à opinião pública.

As vítimas foram registradas entre Kibera, Mathare, Dandora, Kawangware (todos eles subúrbios de Nairobi), e também em Kisumu, Siaya, Homabay e Migori.

A organização humanitária Comissão Nacional para os Direitos Humanos do Quénia fala em 24 mortos, destes pelo menos dois seriam menores de idade.

Governo desconhece manifestações

Em declarações este sábado, o Governo queniano negou que haja manifestações e vítimas mortais em diferentes pontos do país, assegurando que foram registados unicamente incidentes violentos "isolados" provocados por criminosos, que receberam uma resposta "apropriada" da polícia.

O ministro do Interior em funções, Fred Matiang'i, assegurou numa conferência de imprensa que tudo são "rumores e mentiras" e reiterou que o país é "seguro".

Fred Matiang'i disse não ter conhecimento de vítimas mortais ou de agentes que tenham disparado contra os manifestantes, já que na sua opinião não houve e nem há sequer protestos.

Protestos

Os protestos ocorrem em diferentes pontos do país. Em Kisumu, a polícia interditou o acesso ao centro da cidade, enquanto no subúrbio de Kibera, na capital, as forças de segurança usam bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes e jornalistas.

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Manifestações acontecem nos principais redutos de apoiantes do líder da oposição Raila OdingaFoto: picture-alliance/AA/B. Jaybee

A situação é especialmente tensa em Kibera, onde um jornalista da televisão local "KTN" foi detido na manhã deste sábado após informar que a polícia estava a usar gás lacrimogêneo contra os profissionais da imprensa para que estes não conseguissem chegar aos pontos de protesto.

"Não tenho tempo para falar com jornalistas, estamos levando nossos moradores aos hospitais, as pessoas estão morrendo", disse à EFE, Ken Okoth, deputado da aliança opositora pelo distrito de Kibera, onde vivem cerca de 500 mil pessoas.

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Protestos começaram na noite desta sexta-feira (11.08)Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay

Nesta localidade, os protestos dão lugar a saques a residências e estabelecimentos comerciais, há barricadas nas ruas e os manifestantes caminham armados com paus e pedras. "Há lojas de kikuyus (tribo a que pertence o presidente Uhuru Kenyatta) queimadas e saques", disse Rosemary Odiambo, uma moradora de Kibera.

Além disso, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou através do Twitter que prestou atendimento a 19 feridos desde a última noite no bairro de Mathare.

A violência explodiu ontem à noite depois que a aliança opositora rejeitou a reeleição do presidente e disse que recorrer à Justiça não era uma opção.

Reeleição

O chefe de Estado cessante Uhuru Kenyatta foi reeleito com 54,27% dos votos, contra 44,74% do seu rival Raila Odinga. Os resultados finais do escrutínio foram divulgados esta sexta-feira.

Os observadores eleitorais nacionais do asseguraram este sábado que sua contagem coincide com a divulgada pela Comissão Eleitoral. A amostragem do Grupo de Observação de Eleições (ELOG, na sigla em inglês) compreende os resultados de 1.692 colégios eleitorais de um total de 40.883.

O ELOG também pediu que sejam investigadas as acusações da aliança opositora de Raila Odinga, que desde a realização das eleições, na terça-feira passada, denunciou reiteradamente que são uma "fraude".

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