Quais foram as consequências do 11 de setembro para África?
10 de setembro de 2021Quatro aviões, nas mãos de 19 terroristas, que na manhã de 11 de setembro de 2001, marcaram a história do país e do mundo, da pior forma. Os ataques contra as torres gémeas do World Trade Center em Nova Iorque, contra o Pentágono em Washington, e a queda de um dos aviões na Pensilvânia, mataram mais de 3 mil pessoas.
Mas, vinte anos depois, o que resta destes ataques para os jovens africanos nascidos nesse ano, ou mesmo depois de 2001? "Não sei nada sobre o 11 de setembro”, diz Aimée, um jovem de 16 anos, em Lomé, a capital do Togo.
Assim como ele, muitos jovens togoleses não sabem o que aconteceu há 20 anos nos Estados Unidos.
Os que sabem, leram, ouviram histórias de familiares próximos ou assistiram a produções audiovisuais como documentários. Foi o caso de Florença, uma estudante de 18 anos.
"Soube que tinha havido um atentado bombista suicida que matou muitas pessoas. Tive de assistir a alguns documentários sobre o assunto para saber o que realmente aconteceu”, conta.
As consequências
Joel, que nasceu em 2001, acredita que os autores dos ataques queriam tocar o coração dos Estados Unidos e diz que esta tragédia mudou o mundo para sempre.
"Para mim, o 11 de setembro foi um abalo para a ordem mundial. Traço um paralelo com todos os carro-bomba em todo o mundo, e penso que talvez tenha sido isso que levou a tudo o que estamos a experimentar no mundo de hoje", analisa.
Diz que "o choque acabou, mas o mundo nunca mais será o mesmo que era antes dos ataques de 11 de setembro”.
No entanto, o 11 de setembro trouxe também consequências para a África Oriental, especialmente para os jovens do Uganda.
Mark Ntege, hoje com 35 anos, pertence à oposição ugandesa. É membro do partido liderado por Bobi Wine, mas não é político. É alfaiate e designer de profissão. Diz que o Uganda tem estado ao leme da luta contra o terrorismo na África Oriental, com ganhos consideráveis para o Governo.
Luta contra o terrorismo como pretesto
O opositor acredita que "o Uganda está a ganhar com o 11 de setembro e a confusão do terrorismo. Está a lucrar com isso porque tem gerido a maior parte das missões de manutenção da paz desde então, na guerra contra o Al-shabaab na Somália e no sudeste africano".
Ntege lembra que "a partir daí aumentou esta presença militar em missões no estrangeiro desde o 11 de setembro" e salienta que o 11 de setembro e a luta contra o terrorismo tornaram mais fácil para o Governo do Uganda reprimir as vozes críticas no país e dá o exemplo do líder opositor Bobi Wine.
Segundo o jovem, os que se pronunciam contra o Presidente Yoweri Museveni e o seu Governo, são tratados como terroristas.
As guerras no Afeganistão e no Iraque - que se seguiram ao 11 de setembro - também tiveram impacto na juventude do Uganda. Milhares de jovens desempregados foram recrutados por empresas privadas de segurança dos EUA para trabalharem nas zonas de guerra e para protegerem as bases militares do país.