1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
TerrorismoEstados Unidos

Quais foram as consequências do 11 de setembro para África?

Noël Tadégnon
10 de setembro de 2021

Assinala-se este sábado o vigésimo aniversário do "11 de setembro”, o maior atentado terrorista na história dos Estados Unidos. Hoje, África também luta contra o terrorismo, em meio a críticas contra governantes.

https://p.dw.com/p/409HY
USA | Terroranschlag am 11. September 2001
Foto: Jose Jimenez/Primera Hora/Getty Images

Quatro aviões, nas mãos de 19 terroristas, que na manhã de 11 de setembro de 2001, marcaram a história do país e do mundo, da pior forma. Os ataques contra as torres gémeas do World Trade Center em Nova Iorque, contra o Pentágono em Washington, e a queda de um dos aviões na Pensilvânia, mataram mais de 3 mil pessoas.

Mas, vinte anos depois, o que resta destes ataques para os jovens africanos nascidos nesse ano, ou mesmo depois de 2001? "Não sei nada sobre o 11 de setembro”, diz Aimée, um jovem de 16 anos, em Lomé, a capital do Togo.

Assim como ele, muitos jovens togoleses não sabem o que aconteceu há 20 anos nos Estados Unidos.  

Os que sabem, leram, ouviram histórias de familiares próximos ou assistiram a produções audiovisuais como documentários. Foi o caso de Florença, uma estudante de 18 anos.

"Soube que tinha havido um atentado bombista suicida que matou muitas pessoas. Tive de assistir a alguns documentários sobre o assunto para saber o que realmente aconteceu”, conta. 

USA | Terroranschlag am 11. September 2001
Foto: Spencer Platt/Getty Images

As consequências

Joel, que nasceu em 2001, acredita que os autores dos ataques queriam tocar o coração dos Estados Unidos e diz que esta tragédia mudou o mundo para sempre.

"Para mim, o 11 de setembro foi um abalo para a ordem mundial. Traço um paralelo com todos os carro-bomba em todo o mundo, e penso que talvez tenha sido isso que levou a tudo o que estamos a experimentar no mundo de hoje", analisa.

Diz que "o choque acabou, mas o mundo nunca mais será o mesmo que era antes dos ataques de 11 de setembro”. 

No entanto, o 11 de setembro trouxe também consequências para a África Oriental, especialmente para os jovens do Uganda.

Mark Ntege, hoje com 35 anos, pertence à oposição ugandesa. É membro do partido liderado por Bobi Wine, mas não é político. É alfaiate e designer de profissão. Diz que o Uganda tem estado ao leme da luta contra o terrorismo na África Oriental, com ganhos consideráveis para o Governo.

Uganda Wahlen l Kandidat Robert Kyagulanyi  alias Bobi Wine
Opositor ugandês Bobi WineFoto: Sumy Sadurni/AFP

Luta contra o terrorismo como pretesto

O opositor acredita que "o Uganda está a ganhar com o 11 de setembro e a confusão do terrorismo. Está a lucrar com isso porque tem gerido a maior parte das missões de manutenção da paz desde então, na guerra contra o Al-shabaab na Somália e no sudeste africano".

Ntege lembra que "a partir daí aumentou esta presença militar em missões no estrangeiro desde o 11 de setembro" e salienta que o 11 de setembro e a luta contra o terrorismo tornaram mais fácil para o Governo do Uganda reprimir as vozes críticas no país e dá o exemplo do líder opositor Bobi Wine.

Segundo o jovem, os que se pronunciam contra o Presidente Yoweri Museveni e o seu Governo, são tratados como terroristas.

As guerras no Afeganistão e no Iraque - que se seguiram ao 11 de setembro - também tiveram impacto na juventude do Uganda. Milhares de jovens desempregados foram recrutados por empresas privadas de segurança dos EUA para trabalharem nas zonas de guerra e para protegerem as bases militares do país.

Afeganistão: O "falhanço" da estratégia do Ocidente