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Que desafios tem Angola pela frente?

Madalena Sampaio (Berlim)
31 de maio de 2017

O futuro económico e político de Angola, na era pós-José Eduardo dos Santos, esteve em debate em Berlim. O Fórum Angola 2017 foi organizado pelo instituto britânico Chatham House e pela Fundação alemã Konrad Adenauer.

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Angola Luanda Porto Luanda
Foto: DW/C.V. Teixeira

A três meses das eleições em Angola, a Fundação Konrad Adenauer quer chamar a atenção para a situação política no país, sobretudo numa altura em que cresce o interesse alemão pelo continente. Angola aproxima-se de um momento decisivo, sublinha Andrea Ostheimer, diretora do Departamento da África Subsariana da organização - o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, já não se candidata às próximas eleições, agendadas para 23 de agosto.

"Haverá outro candidato do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder]. E temos mais forças políticas do que [nas eleições de] 2012. Dessa forma, acho que o jogo é um pouco mais aberto", disse em entrevista à DW África, na terça-feira (30.05.).

Que desafios tem Angola pela frente?

Herança pesada e muitos desafios

Para Andrea Ostheimer, o novo Governo terá de investir na luta anticorrupção e restabelecer a confiança dos cidadãos e dos investidores.

Além de problemas políticos e sociais, Angola continua a atravessar uma grave crise económica e financeira. A dependência do petróleo é um grande obstáculo à recuperação da economia.

Por isso, depois de 23 de agosto, os novos governantes têm pela frente muitos desafios. E uma herança pesada, afirma o vice-presidente do maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

"Vamos herdar um país que tem uma dívida cujo peso praticamente ninguém conhece", comenta Raúl Danda. "Vamos ter de reconstruir muita coisa que foi mal construída e sobretudo credibilizar o país aos olhos da comunidade internacional."

Berlin Raul Danda aus Angola bei "Angola Forum 2017"
Raúl Danda: "Vamos ter de reconstruir muita coisa que foi mal construída"Foto: DW/Madalena Sampaio

É preciso investir mais no mercado angolano, apela a presidente da Câmara de Comércio Estados Unidos-Angola (USACC). Maria da Cruz lembra aos empresários que não é preciso esperar por agosto: "Sabemos que ainda há investidores com receio, mas quem acredita no mercado e entra agora terá maior retorno do que se esperar até às eleições."

Mudança

O futuro de Angola terá necessariamente de passar pela diversificação económica, defende o especialista Alex Vines, do instituto britânico Chatham House, que também acredita em mudanças dentro do próprio MPLA.

"A era de José Eduardo dos Santos acabou e agora há um processo de mudança em Angola, e acho que essa mudança seria boa para o país. O ponto central desta mudança seria menos poder na Presidência e mais poder e mais discurso e debate dentro do MPLA", refere.

Angola Forum 2017 - Alex Vines
Alex Vines: "A era de José Eduardo dos Santos acabou"Foto: DW/M. Sampaio

Vines lamenta, no entanto, que não haja uma oposição unida em Angola. Mas a UNITA não quer ouvir falar em coligações - muito menos com a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE). Se vencer, o partido do Galo Negro quer investir num GIP: um Governo Inclusivo e Participativo.

"É um Governo no qual participa toda a gente, aos mais variados níveis, não em função do cartão de membro, como tem feito o MPLA nos últimos 42 anos de existência do país, mas em função da competência e da honestidade das pessoas", explica Raúl Danda. "Havendo um mínimo de transparência, a UNITA tem tudo para ganhar as eleições."