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Que estratégia eleitoral tem a FRELIMO para outubro?

Nádia Issufo
6 de maio de 2019

Os partidos da oposição em Moçambique não têm tirado vantagens dos vários problemas de governação que o país enfrenta, diz analista entrevistado pela DW África.

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Mosambik Plakat der Partei Frelimo
Foto: Marco Longari/AFP/Getty Images

Um dos principais objetivos do Comité Central da FRELIMO, o partido no poder, que decorreu de 3 a 5 de maio na cidade da Matola, província de Maputo (Moçambique), era traçar a estratégia para as eleições gerais de 15 de outubro próximo. Mas como o sucesso depende muito do segredo nada foi revelado ao público. Entretanto, a atual conjuntura nacional e até interna do partido permite adivinhar as bases que irão nortear as estratégias. A DW África entrevistou o analista político Eduardo Sitói sobre as prováveis táticas do partido que governa Moçambique.

DW África: Que estratégias a FRELIMO irá usar para o embate eleitoral de outubro próximo?

Eduardo Sitói (ES): Aquilo que a FRELIMO está ou deixou de fazer conta menos. A ideia da estratégia eleitoral julgo o que conta mais é a ineficácia dos partidos da oposição em mobilizar as pessoas por forma a tirarem vantagens, digamos assim, de algo que possa mudar a opinião pública face aos vários problemas de governação que a FRELIMO tem. Então, uma vez que existe esta ineficácia e um retrocesso na capacidade de alguns desses partidos, é esta infelizmente a situação que faz com que não conheçamos as estratégias, mas não podemos esperar muita coisa..

A FRELIMO já tem uma stratégia eleitoral para outubro?

DW África: Há determinados setores que especulam sobre uma aproximação entre a FRELIMO e o MDM, a segunda maior força da oposição, nas próximas eleições. Tem a mesma perceção?

ES: Não, porque penso que o MDM ficou pelo caminho. Especulava-se primeiro sobre a possibilidade de uma aliança eleitoral entre o MDM e a RENAMO, a principal força da oposição, uma aliança eleitoral que parecia viável com aquilo que constatamos nas eleições intercalares em Nampula. Mas depois disso, enquanto se esperava que nas eleições de outubro último para as autarquias, o MDM e RENAMO voltariam a ter esta estratégia, tudo se desmoronou e táticamente o MDM esteve muito mais próximo da FRELIMO. Neste momento não se sabe muito bem o que é que o MDM está a fazer ou qual é a estratégia efetiva que está a traçar, embora a animosidade entre o MDM e a RENAMO infelizmente ainda se mantenha e que isso possa ser capitalizado pela FRELIMO. Mas julgo que a FRELIMO dificilmente iria fazer isso porque o MDM é um grupo que originalmente deriva da própria RENAMO... A possibilidade de se dar total confiança a esse partido julgo muito discutível por parte da FRELIMO.

DW África: Uma estratégia eleitoral assente numa campanha anti-corrupção como forma de se auto-atribuir credibilidade e legitimidade seria algo a ser aventado?

ES: Penso que as pessoas não dariam muita credibilidade a FRELIMO se esse partido quisesse concorrer com uma estratégia anti-corrupção. A oposição poderia utilizar melhor essa estratégia porque no público em geral a perceção é grande no sentido de que as condições económicas do país não são as melhores e tem ligações com os problemas de corrupção que afetaram a governação nos últimos anos. Mas o que digo é que há muita pouca capacidade dos partidos da oposição para mobilizar e explorar esse facto.

DW África: Até que ponto o suposto envolvimento do Presidente Filipe Nyusi no caso das dívidas ocultas lhe pode ser penalizador nas próximas eleições?

ES: Se esse envolvimento fosse provado e os dados aparecessem com alguma nitidez isso poderia ser problemático. O que se pensava que iria acontecer nessa reunião do Comité Central, ou seja uma certa contestação interna da liderança de Nyusi, tudo isso não aconteceu. O facto que aconteceu ao nível do Comité Central foi a liderança de Nyusi ter saído reforçada...

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