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Quénia anuncia novos ataques aéreos na Somália

2 de novembro de 2011

Nairobi prossegue a campanha contra a mílicia islâmica Al Shebab. Os ataques quenianos foram lançados sem consentimento internacional, mas contam com o apoio do governo interino somali.

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Soldados quenianos entraram em território somali para combater o grupo radical islâmico Al ShebabFoto: dapd

Em meados de outubro, o Quénia lançou uma vasta ofensiva militar na Somália, com posterior permissão do governo de transição em Mogadíscio, para eliminar “a ameaça que representam as milícias Al Shebab”, na região do sul da Somália. Nairobi responsabiliza a Al Shebab por sequestros e ataques no seu território nacional.

Raila Odinga Opposition Kenia
O primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, sublinha que “o Quénia não tem intenção de ficar nem um dia mais que o necessário na Somália”Foto: AP Photo

Esta segunda-feira (31.10) o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, e o seu homólogo somali, Abdiweli Mohamed Ali, realizaram a segunda conferência de imprensa, no prazo de dois dias, dedicada à ofensiva. Odinga afirmou que serão feitas investigações sobre a morte de civis num ataque aéreo realizado por forças quenianas sobre uma cidade no sul da Somália. Na mesma ocasião descreveu a diplomatas ocidentais e africanos os avanços da operação militar e disse aos jornalistas que o Quénia não está na Somália para ficar. “O Quénia não tem nenhuma intenção imperialista na Somália, ou em anexar qualquer parte daquele país”, disse. “Esta é uma operação militar conjunta entre as forças do governo de transição [somali] e as forças armadas quenianas. A missão é basicamente eliminar a ameaça das milícias radicais islâmicas Al Shebab da região”, sublinhou Raila Odinga. “O Quénia não tem intenção de ficar nem um dia mais que o necessário na Somália”.

Apelo à comunidade internacional

Por sua vez o primeiro-ministro do governo de transição somali, Abdiweli Mohamed Ali, pediu apoio internacional à operação para combater as milícias islâmicas. “Existe um papel para a Somália desempenhar e um para o Quénia desempenhar. Mas também existe um papel para a comunidade internacional, a quem solicitamos apoio político e moral para a operação. E também precisamos de apoio depois que a região for libertada da Al Shebab. A população na zona já sofreu o bastante. Não podemos permitir isso – precisamos que a comunidade internacional preste serviços humanitários e sociais, mas também queremos apoio para a reconstrução e o desenvolvimento da Somália”.

Novos ataques

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Os rebeldes da Al Shebab aterrorizam os somalis e têm atacado europeus em território quenianoFoto: picture-alliance/dpa

Na terça-feira (01.11) o Quénia disse que planeava ataques aéreos “iminentes” a bastiões Al Shebab no centro e no sul da Somália, alertando residentes de dez cidades na região para se afastarem dos campos dos insurgentes da Al Shebab. Emmanuel Chirchir, porta-voz militar queniano, afirmou que o país procura dois carregamentos de armas destinados aos militantes islâmicos e que tinham sido enviados por avião ao Corno de África nos últimos dois dias. Por isso, o Quénia atacaria qualquer base rebelde onde as armas fossem entregues. Chirchir disse que a cidade portuária de Kismayu, centro nevrálgico das operações dos insurgentes, a cidade de Baidoa e Afgoye, nas proximidades da capital Mogadíscio, seriam continuamente atacadas.

Entrevistado pela Deutsche Welle, o analista Emmanuel Kisyang'ani, do Instituto para Estudos de Segurança em Nairobi, comentou a dificuldade dos ataques.“Nesse tipo de guerra, é muito difícil realizar ataques aéreos. Por isso, penso que é importante usar a oportunidade para o diálogo, já que a Al Shebab ofereceu o diálogo no fim de semana. Será muito difícil o exército queniano ganhar nesta região, porque, dependendo da situação, eles teriam de ficar na Somália durante muito tempo e os custos seriam muito altos”.

Autor: Renate Krieger
Edição: Helena de Gouveia / António Rocha