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Rádio Encontro diz que é alvo de "pressão silenciosa"

Nádia Issufo
14 de março de 2018

Uma rádio não identificada terá usurpado a frequência da emissora da Igreja Católica em Nampula. A emissora não tem dúvidas de que se trata de uma manobra para silenciá-la nesta época eleitoral.

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Mosambik Nampula Sender Rádio Encontro
Rádio Encontro, em Nampula Foto: DW/J. Beck

Segundo a estação da Igreja Católica no norte de Moçambique, a sabotagem já está a acontecer há quatro dias. O diretor-adjunto da Rádio Encontro, Cantífula de Castro, não tem dúvida de que se trata de uma tentativa de silenciar a emissora. E a alternativa da Rádio para continuar a informar é a plataforma online. processos de escolha no novo edil da província.

Mas a Rádio Encontro promete fazer queixa logo a seguir ao processo eleitoral. Este é o segundo ataque que a rádio, parceira da DW África em Moçambique, sofre em menos de dois meses. Em janeiro, na altura da primeira volta das eleições intercalares, a emissora foi alvo de ameaças por parte de altas personalidades do partido no poder, a FRELIMO. Conversamos com Cantífula de Castro, diretor adjunto da estação.

Mosambik Cantífula de Castro
Benvindo Tapua (esq.) e Cantífula de Castro, padres e responsávéis da Rádio Encontro Foto: Privat

DW África: Confirma, então, que outra rádio está a usar a vossa frequência de forma clandestina?
Cantífula de Castro (CC):
É um fato. O nosso canal  101.9 FM foi invadido. Por quem não sabemos. Porque é uma emissão que só transmite e toca músicas variadas. Não se fala nada. E apenas só se escuta música. Já passam três dias e hoje é o quarto dia que estamos neste cenário. Pensamos que fosse um problema do equipamento, mas ainda continuamos [na mesma situação], depois de tanto trabalho dos nossos técnicos, não se está a superar esta situação.  

DW África: A Rádio Encontro continua a ser alvo de pressão por parte da FRELIMO na província de Nampula?
CC:  Nesta segunda volta a pressão é silenciosa, como digo. É diferente da primeira volta em que havia afirmações verbais, trocas de palavras e ameaças de um lado para outro. Mas desta vez, a ameaça maior, e que para nós também é grande preocupação, é que tenham bloqueado e sufocado ao mesmo tempo nosso sinal de emissão. Tanto é que os ouvintes nem podem captar com muita facilidade o nosso sinal de áudio. Então, o recetores também já sentem esta interferência e fica tudo mais alto nessa emissora nova.

Zwischenwahl in Nampula, Mosambik
Segunda volta das intercalares em Nampula Foto: DW/S. Lutxeque

DW África: Acha que essa situação é uma sabotagem com vista a silenciar a Rádio Encontro neste contexto particular de eleições?
CC: 
Não temos dúvidas que seja uma sabotagem, porque já pelo trabalho que temos vindo a realizar e que tem sido também uma ameaça para muitos que se consideram como detentores de poder. E isso pode servir de meio para realizarem os seus intentos e assim criarem todas as manobras possíveis para tomada de poder aqui no município de Nampula, como diziam, a todo custo.

DW África: Aquando da intimidação que a Rádio Encontro foi alvo ainda este ano, apresentou queixa ao MISA (Instituto da Comunicação Social da África Austral) e também à FORCOM (Fórum Nacional das Rádios Comunitárias). Essas duas organizações iniciaram algum processo com vista ao esclarecimento do assunto?
CC: 
MISA por parte de Nampula já emitiu um comunicado  em repúdio a esta situação, mas o FORCOM não emitiu um documento oficial a informar o trabalho do MISA.  Mas a situação já foi reportada às duas instituições que tutelam a comunicação social aqui em Moçambique e, sobretudo, aqui em Nampula.  

Rádio Encontro é alvo de sabotagem durante as votações em Nampula

DW África: E relativamente a esta suposta sabotagem que a Rádio Encontro está a ser alvo, já foi feita alguma queixa ao Gabinete de Informação (GABINFO) ?
CC:
Por enquanto não avançamos com nenhum processo. Infelizmente hoje não temos como fazer isso também, porque todas as instituições em Nampula estão paradas. Todas as atenções estão viradas para o processo de votação. E esperamos amanhã, quando as instituições públicas funcionarem, fazermos o trâmite regular daquilo que é a situação que estamos a viver na Rádio Encontro.

DW África: E como a Rádio Encontro espera reportar o processo eleitoral de hoje para o seu público?
CC:
Por enquanto estamos a reportar por duas vias alternativas. Por um lado, estamos a usar transmissão online. A nossa rádio está disponível para todo mundo através da plataforma online, também no nosso website e no Facebook. E também é possível ouvir a nossa rádio de forma alternativa ainda nesse canal 101.9 que está invadido. Os ouvintes precisam reposicionar os seus recetores, mas tem muita dificuldade também para sintonizar o nosso canal. 

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