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Rússia e Angola reforçam relações bilaterais de cooperação

Vieira,Manuel8 de outubro de 2013

Numa visita de três dias, o vice-primeiro-ministro russo Dmitry Rogozin criou em Angola uma comissão ministerial para desenvolver as relações de cooperação entre os dois países. Relações consideradas "prioritárias".

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Dmitry Rogozin chegou no domingo (6.10) a Luanda para uma visita ofical de três dias ao país. A deslocação a Angola do vice-primeiro-ministro russo teve duas vertentes: a educação e a economia. Nesta segunda-feira (07.10), na cerimónia do início das conversações da Comissão Intergovernamental Russo-Angolana, foram assinados três acordos bilaterais entre as partes subordinados às áreas da pesca, da saúde e da cultura.

Na intervenção, Dmitry Rogozin manifestou o interesse em desenvolver as relações já existentes nos domínios económico, comercial, técnico-científico, cultural, assistência técnica e segurança. Citado pela agência angolana ANGOP, o governante russo sublinhou que Moscovo "está satisfeito com o nível de consulta entre os dois Estados e da compreensão sobre os assuntos de política internacional".

Dmitry referiu expressamente que a Rússia "aprecia" a posição de Angola na questão da Síria, pois os russos têm sido abertamente um dos maiores apoiantes do regime sírio.

Angola quer mais intervenção russa no país

Na mesma cerimónia, o vice-presidente angolano, Manuel Vicente, que chefiou a delegação anfitriã, sugeriu à Rússia que assuma um papel mais ativo no desenvolvimento de Angola. Segundo Manuel Vicente, "as relações entre Angola e a Rússia são excelentes e por isso queremos que os objetivos traçados nos diferentes domínios sejam convertidos em resultados concretos", afirma.

Em relação ao acordo assinado sobre o setor da saúde, o ministro angolano da Saúde, José Vandunem, disse que o estabelecimento deste protocolo entre Luanda e Moscovo, vai ser uma mais valia para o país. "A Rússia tem muitas instuições de formação, tem laboratórios de investigação muito poderosos" e para Angola, segundo o ministro, é "um avanço muito grande podermos desfrutar dessa possibilidade".

Segundo muitos analistas, a Rússia está nos últimos tempos profundamente preocupada com o avanço de investimentos da China em vários setores angolanos, com destaque para a construção. Daí que o Presidente russo, Vladimir Putin, tenha destacado como prioritárias e estratégicas as relações entre os dois países na sua última visita a Luanda.

Reginaldo Silva é um dos jornalistas que observa com cautela o "avanço" russo à Angola. Este jornalista e analista pensa que a progressão de uma potência como a China deveria merecer uma outra abordagem. Segundo Reginaldo Silva, há problemas com algum investimento estrangeiro. "O que se critica às empresas chinesas é que contratam poucos angolanos ou trazem muitos expatriados para fazerem trabalhos que os próprios angolanos podem fazer", afirma.

Para o analista, há necessidade de serem criadas oportunidades reais de emprego porque há "uma taxa de desemprego preocupante a nível urbano e rural em Angola".

Relações históricas

O anúncio público de um encontro de trabalho militar entre os dois países despertou as atenções. A delegação angolana foi chefiada pelo ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias "Kopelipa", uma das figuras mais influentes do regime angolano. Para o economista Victor Hugo Morais, as relações existentes entre os dois países são históricas e devem ser fortalecidas com parcerias que beneficiem os dois Estados.

"Depois do fim da União Soviética todos sabem que a Rússia foi procurar o seu espaço dentro da economia mundial e foi-se destacando", diz Morais. "Sabe-se que a Rússia é um dos maiores produtores de energia no mundo" e goza de "um conhecimento muito amplo neste sector", avança o economista.

Há muitos quadros formados na antiga União Soviética. Muitos dos atuais funcionários, altos dirigentes angolanos, incluíndo o próprio Presidente José Eduardo dos Santos, formaram-se naquele território.

Exploração de diamantes

No campo dos investimentos, a Rússia trabalha na exploração de diamantes através de uma participação na AL Rosa (uma empresa russa de diamantes) em parceria com a Empresa Nacional de Diamantes de Angola (ENDIAMA) e desenvolve formação de quadros angolanos nas áreas militares e das engenharias.

Saliente-se que muitos dos quadros russos que estiveram do lado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) durante os anos de conflito em Angola ainda estão no país. Muitos deles construíram famílias e outros estão inseridos na assessoria de muitos órgãos do poder de Estado e privado de Angola.

No âmbito desta visita oficial de Dmitry Rogozin a Angola, que termina hoje (08.10), a audiência com o Presidente angolano José Eduardo dos Santos decorreu no período da manhã.