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"Ratos Heróis" detetam tuberculose em Maputo

11 de janeiro de 2013

Em Moçambique, a organização não-governamental belga APOPO está a treinar ratos para detetar a tuberculose, uma doença frequentemente associada ao vírus da Sida. "Ratos Heróis", é como são chamados estes roedores.

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Pesquisador e treinadora de ratos da APOPO, organização não-governamental belga
Pesquisador e treinadora de ratos da APOPO, organização não-governamental belgaFoto: DW/R.da Silva

O treino dos “ratos heróis” consiste em farejar amostras de escarro humano, a partir das quais será detetada a bactéria da tuberculose. Os ratos fazem este trabalho em menos de uma hora, enquanto um laboratório leva uma semana para realizar a análise.

Os ratos da Gâmbia, também conhecidos por Cricetomys gambianus, são do tamanho de um gato. Têm um olfato excepcional e também são treinados para encontrarem minas terrestres. Eles estão em Moçambique num programa de desminagem e, agora, vão ajudar o setor de saúde a combater a tuberculose. Mas os ratos não vão substituir o trabalho dos pesquisadores, explica Emílio Valverde coordenador do projeto.

"Uma vez que os ratos indentifiquem amostras que possam conter o bacilo da tuberculose, essas amostras são novamente processadas por técnicos de laboratório da Apopo". Muitas vezes as amostras identificadas pelos ratos são sempre positivas.

Emilio Valverde, Emílio Valverde coordenador do projeto da APOPO em Maputo
Emílio Valverde coordenador do projeto da APOPO em MaputoFoto: DW/R.da Silva

Esta tecnologia já começou a ser aplicada em Maputo e, na semana passada, foram recolhidas as primeiras amostras que serão processadas no laboratório construído para o efeito, na Faculdade de veterinária da Universidade Eduardo Mondlane.

Recorde-se que Moçambqiue também está a usar ratos para detetarem minas terrestres. Por isso que, segundo Valverde, para a tuberculose a técnica tem que funcionar, pois o país precisa combater o elevado índice da doença associada ao HIV-Sida.

"Em Moçambique a tuberculose é um problema muito sério. Em 2011 foram registados perto de 500 casos por cada cem mil habitantes. Isto é uma cifra muito elevada e muito acima da média mundial que está em 170 casos."

O investigador Emílio Valverde explica, ainda, como um rato pode farejar amostras de escarro humano. "As bactérias que produzem a tuberculose produzem ao mesmo tempo uma série de produtos químicos e os ratos podem detetar as micro-bactérias nas amostras de escarro de pacientes suspeitos."

"Rato Herói" no seu ambiente de treino
"Rato Herói" no seu ambiente de treinoFoto: DW/R.da Silva

A primeira experiência que foi desenvolvida na Tanzânia, mostrou que em 910 amostras de 456 pacientes, dez ratos encontraram 67 por cento de pessoas com tuberculose e 48 por cento foram encontrados pelos microscópios dos laboratórios.

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Carla Fernandes / António Rocha

"Ratos Heróis" detetam tuberculose em Maputo