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ConflitosRepública Centro-Africana

RCA: Rebeldes controlam cidade de Bangassou

AFP | tm
3 de janeiro de 2021

Rebeldes na República Centro-Africana atacaram e controlam Bangassou neste domingo (3.1), semanas depois de terem sido acusados de tentativa de golpe, e antes dos resultados parciais de uma eleição presidencial tensa.

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Zentralafrikanische Republik Freilassung von Kindersoldaten
Foto de arquivoFoto: Reuters/E. Braun

"Os rebeldes controlam a cidade [de Bangassou]", disse o chefe do gabinete regional da missão da ONU, MINUSCA, Rosevel Pierre Louis, à agência de notícias francesa AFP neste domingo (3.1). "Eles estão em todo o lado", afirmou, e acrescentou que "as tropas governamentais tinham abandonado a sua posição e agora estão na nossa base".

A MINUSCA veiculou uma mensagem na manhã deste domingo (3.1), através da rede social Twitter, a informar que as forças de manutenção da paz da ONU tinham estado a proteger a cidade e que tinham sido encontrados os corpos de cinco combatentes. Além disso, que os combatentes que atacavam a cidade eram aliados do ex-presidente François Bozize.

Desde 19 de dezembro,  uma coligação de grupos rebeldes, que controlam dois terços do país propenso ao golpe de estado, tem desenvolvido uma ofensiva, cujo objectivo inicial era perturbar as eleições que, no entanto, foram realizadas a 27 de dezembro.

O Governo do Presidente Faustin Archange Touadera acusou Bozize de fomentar uma tentativa de golpe - uma acusação que este último negou.

Confrontos em Bangassou

Bangassou, que fica na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), está localizada a cerca de 750 quilómetros da capital da RCA, Bangui. A cidade tem estado sob ataque desde as 5h25 da manhã deste domingo (3.1), e sendo palco de "confrontos por todo o lado", disse Rosevel Pierre Louis à AFP.

O Bispo Aguirre de Bangassou confirmou que os confrontos tinham começado a partir das 5h da manhã e que havia "tiros e detonações em torno do centro da cidade".

O país, que não tem costas litorâneas, é um dos mais pobres do mundo e um dos mais vulneráveis. Sofre com golpes e guerras desde a sua independência da França, em 1960.

Em 2013, a RCA entrou novamente num espiral de violência e derramamento de sangue, quando o então Presidente Bozize, que tinha tomado o poder através de um golpe uma década antes, foi expulso por uma coligação maioritariamente muçulmana, chamada Seleka.

Entretanto, a cidade de Bangassou já foi alvo de agressões brutais anteriores. Em 2017, milicianos "anti-balaka", provenientes principalmente de comunidades cristãs, atacaram a cidade, e massacraram dezenas de civis muçulmanos, bem como 12 membros da forças de manutenção da paz da ONU.

Kritische humanitäre Lage in der Zentralafrikanischen Republik
Residentes na cidade de Bangassou, na República Centro-Africana (foto de arquivo).Foto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

"O ataque era esperado"

Um residente em Bangassou, denominado Ismail, disse que o ataque deste domingo (3.1) era esperado localmente há cerca de duas semanas, e muitos tinham fugido pela fronteira para a República Democrática do Congo (RDC).

"Os meus filhos partiram, eu fiquei com a minha mulher", disse Ismail à AFP, de modo que os tiros podiam ser ouvidos pelo telefone. O ataque ocorreu um dia depois de grupos armados terem atacado a cidade de Damara, cerca de 70 quilómetros a norte da capital Bangui. 

O porta-voz da MINUSCA, Vladimir Monteiro, disse à AFP que houve uma "incursão" em Damara, no sábado (2.1), mas que após intervenção dos soldados da RCA os "grupos armados fugiram". Ele acrescentou que a MINUSCA, que tem 11.500 soldados de manutenção da paz no país, tinha enviado patrulhas para a cidade. 

Faustin Archange Touadera é o favorito para ganhar as eleições do fim-de-semana passado, que os grupos da oposição apelaram à anulação porque - entre outras razões - alegam que a votação apenas teve lugar numa fracção do país.

Os resultados definitivos da primeira volta não são esperados antes de 18 de Janeiro, e se não houver vencedor absoluto, realizar-se-á um segundo turno, a 14 de fevereiro.