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RDC: Tshisekedi tomou posse há cem dias

Susan Houlton | rl
5 de maio de 2019

O Presidente da República Democrática do Congo, eleito em dezembro, assinala, este fim de semana, os seus primeiros cem dias de mandato. No entanto, Tshisekedi não nomeou ainda o primeiro-ministro do país.

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Präsident des Kongos: Felix Tshisekedi
Foto: picture-alliance/AA/M. Hailu

Passaram-se já cem dias desde que Felix Tshisekedi foi eleito Presidente da República Democrática do Congo. No entanto, o povo continua à espera, e cada vez mais impaciente, que o Presidente cumpra as muitas promessas que fez na sua tomada de posse, entre as quais se destacam o combate à corrupção no país, a implementação de um sistema judicial justo e melhores condições de vida para os 86 milhões de habitantes do país.

Os congoleses estão também ansiosos para saber o nome do primeiro-ministro e quem são as pessoas que vão integrar o Governo, após as eleições de 30 de dezembro, que marcaram a primeira transição pacífica do poder no país desde a independência da Bélgica, em 1960.

No início do passado mês de março, Felix Tshisekedi lançou um "programa de emergência", a ser aplicado nos cem dias seguintes, centrado na melhoria das infraestruturas rodoviárias, mas também na energia, educação, habitação, emprego, transportes, saúde, água e agricultura. A reparação de 40 por cento das estradas dentro e à volta da capital Kinshasa era um dos objetivos que, garante o escritório de planeamento urbano, foi cumprido em 80%.

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Novas escolas, hospitais e ruas?

"Estamos ainda à espera das escolas, hospitais e estradas que Tshisekedi prometeu", reivindica o ativista congolês de direitos humanos, Jean Bwasa.

Ouvidos pela DW, outros residentes da capital Kinshasa também disseram estar desapontados com Tshisekedi. "Ele não fez nada. A crise económica continua", considera Muyaya Luaba, residente do município de Lemba.

No entanto, Tshisekedi cumpriu um dos pontos que constavam deste "plano de emergência" e que estava relacionado com a libertação dos presos políticos. Foram libertados a 13 de março, Franck Diongo, Diomi Ndongala e Firmin Yangambi, presos no regime do ex-Presidente Joseph Kabila.

Na opinião de Wendy Bashi, correspondente da DW em Kinshasa, o país tem, neste momento, dois grandes desafios: o ébola, que continua a fazer mortes no país, é um grande desafio, assim como a corrupção. "Se houver corrupção, o desenvolvimento do país é muito díficil. Mas não se acaba com a corrupção em cem dias. Não há milgares", considerou.

Acordo entre Kabila e Tshisekedi?

De acordo com o Tribunal Constitucional, Felix Tshisekedi venceu, como candidato da oposição, as eleições de dezembro com 38,57% dos votos. No entanto, o outro candidato da oposição, Martin Fayulu, apontou o dedo à credibilidade do escrutínio, insistindo em vários momentos que a vitória era sua. As alegações de fraude eleitoral de Martin Fayulu foram, na altura, apoiadas por alguns observadores eleitorais e pela igreja católica, com um peso considerável no país.

Demokratische Republik Kongo Kinshasa - Amtseinführung: Felix Tshisekedi wird Kongos Präsident (picture-alliance/AP Photo/J. Delay)Em
Em março deste ano, os partidos de Tshisekedi e Joseph Kabila anunciaram uma coligaçãoFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay

Na RDC, existe ainda uma crença generalizada de que o resultado das eleições presidenciais foi fruto de um acordo que permitiu a Tshisekedi ganhar para que Kabila pudesse permanecer "com o poder”, uma vez que o ex-Presidente detém ainda uma maioria esmagadora no parlamento.

Aos olhos de vários analistas, o anúncio do novo primeiro-ministro, que ainda não aconteceu, indicaria até que ponto Tshisekedi é um Presidente livre.

No início de março, os partidos de Tshisekedi e Kabila, Mudança de Rumo (CACH na sigla francesa) e Frente Comum para o Congo (FCC), respetivamente, emitiram uma declaração conjunta confirmando "a sua vontade comum de governar juntos como parte de um governo de coligação". Neste mesmo documento, os dois explicavam que, com o intuito de fazer valer a vontade do povo, o partido de Tshisekedi e o de Kabila, que detém a maioria absoluta no Parlamento, iriam coligar-se.