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RDC: Governo corta internet após eleições caóticas

António Cascais | Eric Topona | EFE
2 de janeiro de 2019

O governo da República Democrática do Congo cortou todas as ligações à internet e a serviços de mensagens nos últimos dois dias. País continua a aguardar pelo resultado das eleições presidenciais do fim de semana.

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Eleitores de Kinshasa, capital da RDCFoto: Imago/Zuma Press

Os serviços foram suspensos para preservar a ordem pública, após "resultados fictícios" das eleições de domingo (30.12) terem começado a circular nas redes sociais, disse fonte do governo de Joseph Kabila.

"A Internet trouxe um novo tipo de crime e temos que reagir para evitar que alguns pratiquem o saque. É preciso garantir eleições pacíficas", disse em entrevista à DW André Alain Atundu Liongo, porta-voz do partido MP, de maioria presidencial.

RDC: Governo corta internet após eleições caóticas

"Nas redes sociais afirmava-se que o candidato X ou Y obteve 98% dos votos. Desligou-se a Internet para evitar que esse envenenamento rancoroso continue a ser disseminado com más intenções", justificou.

Tanto a oposição como o governo já reivindicaram vitória. Segundo a Comissão Eleitoral, os resultados oficiais serão anunciados apenas a 15 de janeiro, embora os resultados preliminares sejam esperados já nos próximos dias.

Contagem atribulada

A contagem está a decorrer com algumas complicações, segundo os correspondentes da DW, depois da eleição ter sido assolada por problemas logísticos e muitos atos de violência e fraude.

Georges Kapiamba, advogado e presidente da associação da sociedade civil para o acesso à justiça, denunciou vários casos de tentativa de compra de votos por parte da maioria presidencial: "Temos informações de que o ministro Regional das Finanças na província de Kindu esteve em várias assembleias de voto, dando dinheiro aos eleitores para votarem no candidato do governo e, de acordo com as nossas informações, há funcionários estatais em várias províncias envolvidos em práticas fraudulentas."

O Presidente cessante, Joseph Kabila, vai deixar o cargo depois de 17 anos no poder. A eleição havia sido adiada desde o final de 2016, levando a oposição a acusar Kabila de estar a tentar perpetuar-se no poder, mesmo depois de terminado o seu mandato.

O último adiamento aconteceu na semana passada, modificando-se a data de 23 a 30 de dezembro depois que um incêndio em Kinshasa calcinou milhares de máquinas de votação e material eleitoral.

Entre cerca de 21 candidatos, os dois principais líderes da oposição Martin Fayulu e Felix Tshisekedi desafiam o sucessor preferido de Kabila, o ex-ministro do Interior Emmanuel Ramazani Shadary.