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Redes sociais têm um relevante papel nas eleições quenianas

Krippahl, Cristina21 de fevereiro de 2013

Os quenianos vão às urnas a 4 Março. Ao contrário de há 5 anos atrás, mais quenianos recorrem à internet para se envolverem na caça ao voto. Mas qual é a influência deste meio no desenvolvimento democrático?

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Todas as noites, após a hora do expediente, numa das esquinas do centro de Nairobi os homens encontram-se para discussões acesas. O tema é a política: quem apoia que candidato e porquê?

O que se passa aqui na rua espelha as discussões acaloradas na Internet. Os quenianos usam os chamados novos meios de comunicação social, como os blogs ou redes sociais como o Facebook e o Twitter, para debater a política.

Alguns políticos instalaram contas abertas para debater com os cidadãos. E têm que aguentar muitas críticas.

Redes sociais só em áreas urbanas

O politólogo e ativista queniano Mwalimu Mati refere os efeitos positivos destas novas redes sociais: "Os políticos usam estes meios para a sua campanha eleitoral. Esforçam-se por dar-se a conhecer melhor a si e aos seus programas. Mas isso só é possível se os programas tiverem um conteúdo real."

E outras vantagens do uso destes meios são apontados por Mwalimu Mati: " Além disso as redes sociais tornam a campanha mais justa, porque mesmo os candidatos que não são muito ricos têm um novo meio de comunicar com o eleitor".

Mati admite, no entanto, que esta influência se restringe às zonas urbanas, que têm electricidade e acesso à internet.

O número de usuários no Quénia cresceu desde as últimas eleições há cinco anos. Segundo dados do Ministério da Informação, 14 milhões de quenianos estão hoje online, o que equivale a 30% da população.

Contributo das redes sociais para a democracia

Há cinco anos eram pouco mais do que cinco por cento. Este crescimento beneficia o trabalho das organizações da sociedade civil. Elas usam o meio para esclarecer os eleitores e reunir informação.

Muitos observadores dizem que isto reforça a democracia.

O ativista Boniface Mwangi recorre ao Facebook para convocar manifestações. Mas o meio não serve para muito mais, diz o ativista: "As redes sociais têm pouca importância. É um bom lugar para fazer belos discursos, mas será que se trata de um instrumento eficaz? Duvido muito."

Para ele os métodos tradicionais ainda são válidos: "Talvez dentro de alguns anos, mas hoje o poder está offline, não na rede. Todos estes comentários que se queixam disto ou daquilo. Melhor é pintar um cartaz e aderir a uma manifestação na rua".

Como as redes sociais podem reacender o ódio

A abertura das redes sociais também convida a abusos. Sobretudo na política queniana marcada pela divisão étnica.

Por vezes lêem-se discursos de ódio, que já nas últimas eleições serviram para atiçara violência.

Este género de discurso foi proibido após a violência há cinco anos. Recentemente o Governo anunciou maior vigilância das redes sociais.

Os autores de comentários ofensivos ou ameaçadores deverão ser severamente punidos.

Mas o potencial das redes sociais poderá ser maior durante e depois das eleições, uma vez que permitem a disseminação imediata de informações sobre casos de suborno ou explosões de violência.

Recorde-se que em 2007 morreram mais de 1100 pessoas nas violências pós eleitorais no Quénia. Os apoiantes dos candidatos as presidenciais, Raila Odinga e Mway Kibaki, entraram em confrontos.

Autora: Maja Braun / Cristina Krippahl
Edição: Nádia Issufo / Helena Ferro de Gouveia