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RENAMO sugere mediação internacional no diálogo com Maputo

Leonel Matias (Maputo)9 de novembro de 2015

O maior partido da oposição moçambicana pede o envolvimento da comunidade internacional na mediação das negociações para resolver a crise política. Nyusi diz que "não está a ser possível" falar com o líder da RENAMO.

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Filipe Nyusi (esq.) afirma que pretende dialogar com Afonso DhlakamaFoto: picture-alliance/dpa/Pedro Sa Da Bendeira/Getty ImagesGianluigi Guercia/Montage

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) apelou, esta segunda-feira (09.11), à criação de uma equipa envolvendo a Igreja Católica e a comunidade internacional para mediar a realização de negociações com vista a pôr fim ao clima de instabilidade política que se vive no país e ao restabelecimento da paz.

O apelo para o Governo e a RENAMO abandonarem em absoluto as armas e retomarem o diálogo, envolvendo outras forças vivas da sociedade, tinha sido lançado domingo (08.11) pela Igreja Católica moçambicana.

Os líderes católicos criticam a "falta de coerência" nos discursos políticos sobre a paz. Na visão dos bispos moçambicanos, aquilo que se diz não corresponde à prática e a relação entre o Governo e a RENAMO ainda é marcada por confrontação.

Maputo, Hauptstadt von Mosambik
Igreja Católica moçambicana apelou ao Governo e à RENAMO para que abandonem as armasFoto: picture-alliance/dpa

Falando num encontro com o Presidente da República, Filipe Nyusi, a Igreja Católica alertou que a falta de entendimento político tem efeitos na economia e cria pobreza e desigualdades.

"A incoerência tem seguramente a ver com a não materialização daquilo que tem sido não só o discurso do Presidente durante a tomada de posse como também os restantes, em que afirma e reitera sempre que não descansará se não alcançar a paz e que a única forma e via para a paz é o diálogo", lembra o analista Egídio Vaz.

"Confiança conquista-se com atos"

Durante um encontro, em Maputo, com os bispos católicos, o chefe de Estado mostrou-se aberto ao diálogo, mas disse que não conseguia falar com o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama. "Tentei na semana passada, mais uma vez, esforçar-me para falar, mas não está a ser possível", afirmou Filipe Nyusi.

Abordado pela DW África, o porta-voz da RENAMO, António Muchanga, afirmou que estavam criadas as condições para Nyusi falar com Dlakhama quando as forças governamentais atacaram o líder do partido, por duas vezes em setembro, e mais tarde cercaram a sua residência, numa altura em que Dlakhama manifestava disponibilidade para o diálogo. "Acha que há condições objetivas e morais para uma conversa séria franca, com aquele tipo de atitudes?", questiona Muchanga.

Egídio Vaz defende que é necessário criar um clima de confiança para se restabelecer o diálogo. O analista não acredita numa solução que passe pela desmilitarização compulsiva da RENAMO. [O Presidente] pode mandar cessar todas as perseguições às forças da RENAMO e ao seu líder, por forma a permitir um clima de confiança", para que seja possível "retomar à mesa do diálogo", explica.

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Contrariamente à posição do Presidente Filipe Nyusi, a RENAMO é favorável a uma mediação que envolva a comunidade internacional para o restabelecimento da paz. A RENAMO defende que a actual equipa de mediadores nacionais perdeu credibilidade. "Estamos a tentar simular que o assunto é doméstico, mas quando começa a tirar vidas de pessoas deixa de ser doméstico", sublinha António Muchanga.

O porta-voz da RENAMO defende que "a Igreja Católica e a comunidade internacional se envolvam nas negociações" para que se possa criar aproximação. "Porque confiança não se força, conquista-se com atos concretos. Os atos que o Governo e o partido FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique, no poder] praticaram e o que estão a dizer só aumentam a desconfiança".

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