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ConflitosRepública Centro-Africana

RCA: Mercenários russos da Wagner acusados de assassinatos

Martina Schwikowski
19 de julho de 2021

Peritos da ONU, ativistas e imprensa acusam mercenários da Rússia de crimes de guerra na República Centro-Africana, com destaque para assassinato de mulheres e crianças. Mas Moscovo refuta acusações.

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Russische Söldner in Zentralafrikanische Republik | Leibgarde von Präsident Faustin Archange Touadéra
Presidente da RCA, Faustin Touadéra, ladeado de mercenários russosFoto: ALEXIS HUGUET/AFP

Num relatório independente apresentado recentemente ao Conselho de Segurança da ONU, os investigadores da organização acusaram mercenários russos do Grupo Wagner - uma empresa militar privada, que há pouco esteve lado a lado com o Governo moçambicano na luta contra terroristas na província de Cabo Delgado - de cometeram graves violações dos direitos humanos na República Centro-Africana (RCA).

Os mercenários são acusados de tortura, violação e assassinatos sendo que os atos mais recentes acontecerem em fevereiro último, em Bambari, onde o grupo russo terá morto mais de 20 pessoas.

Brad Brooks-Rubin, consultor jurídico do grupo - The Sentry – que investiga os fluxos de dinheiro relacionados com os abusos, diz em entrevista à DW África que "Infelizmente, é apenas mais uma prova de uma situação realmente inaceitável na República Centro-Africana, que estes mercenários do Grupo Wagner estejam envolvidos nestas atrocidades. A situação é intolerável".

Brooks-Rubin também critica os silêncio da comunidade internacional perante as atrocidades na RCA.

"A situação é inaceitável. É inaceitável a forma como a comunidade internacional está permitir este tipo de atrocidades na RCA por muito tempo”, diz. 

Espera por resultado de inquérito

Por seu turno, Jelena Aparac, membro da equipa de especialistas independentes da ONU, reforça a tese de que há ligação entre os mercenários russos e as atrocidades na RCA.

"Lamentamos que todos os relatórios tornados públicos confirmam a existência destas atrocidades”, afirmou Aparac.

Russland Dmitri Peskow Kremlin Sprecher
Dmitry Peskov, porta-voz do KremlinFoto: Sefa Karacan/AA/picture alliance

A especialista avança que as autoridades da República Centro-Africana garantem criar uma comissão independente para investigar os factos e afirma: "Temos que esperar pelos resultados que este inquérito vai trazer”.

"Isto é outra mentira"

O Executivo de Vladimir Putin diz que os cerca de 500 "conselheiros militares" russos enviados para RCA foram desarmados e não estiveram envolvidos em atos de violência. Dmitry Peskov é porta-voz de Vladimir Putin.

"Os conselheiros militares russos não participaram em matanças nem em saques. Isto é outra mentira", garante Peskov.

A norte de Bambari, onde houve registo de assassinato de civis em fevereiro, existem grandes reservas de recursos minerais.

Entretanto, analistas acreditam que as empresas de segurança russas ligadas ao crime organizado os seus serviços são parcialmente pagos com ações em minas de ouro e diamantes.

De acordo com o Governo russo, "o mercenarismo é também um crime punível na Rússia”.

A presença de militares russos na República Centro-Africana (RCA) iniciou em 2018 e analistas olham para esta missão como uma estratégia para criar rivalidade com as forcas ocidentais estacionadas em vários países africanos.

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