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PolíticaRepública do Congo

República do Congo: Importação massiva de armas

Lusa
26 de fevereiro de 2021

A República do Congo importou discretamente 500 toneladas de armas do Azerbaijão desde 2015, segundo uma investigação internacional de um consórcio de jornalistas publicada semanas antes das eleições presidenciais.

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Nigeria Militärpolizei in Gwagwalada
Foto: Getty Images/AFP/S. Heunis

A entrega mais recente foi feita em janeiro. Mais de 100 toneladas de armas foram enviadas do Azerbaijão para a Guarda Republicana no Congo, incluindo 775 morteiros e 400 caixas de 'rockets', num momento em que a oposição se queixa de falta de liberdade democrática no país, refere o Projeto Crime Organizado e Corrupção (OCCRP, na sigla inglesa), que junta jornalistas de todo o mundo, com particular foco no comércio de armas. 

Esta última transferência de armas "suscitou preocupação entre os opositores" que acreditam que o Presidente cessante, Denis Sassou-Nguesso, 77 anos, recandidato nas eleições, "está a preparar-se para usar a força se necessário para se manter no poder no período que antecede as eleições de 21 de março", pode ler-se na investigação, que indica a Arábia Saudita como um dos financiadores destas operações. 

Denis Sassou-Nguesso
Há 36 anos no poder: Denis Sassou-NguessoFoto: Agência Brasil

Presidente prepara-se para manter poder à força?

Nas eleições de 2016, Sassou Nguesso, no poder há 36 anos, foi reeleito, mas a oposição contestou o resultado e verificaram-se insurreições em vários pontos do país, duramente reprimidas pelo Governo, em operações que causaram 140.000 deslocados internos. 

Este conjunto de armas compradas ao Azerbaijão "foram utilizadas para alimentar a brutal ofensiva pós-eleitoral de 2016, que conduziu a uma crise humanitária", refere a investigação, consultada pela Lusa, salientando que as autoridades congolesas nunca comunicaram formalmente este tipo de compra a instituições internacionais. 

Um dos maiores produtores de petróleo do continente, o Congo concluiu em 2018 o seu processo de adesão à Organização dos Países Exportadores de Petróleo, estrutura liderada pela Arábia Saudita que já tem Angola entre os seus países-membros.