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Repressão de protestos no Sudão já fez mais de 100 mortos

Lusa | EFE | ms
6 de junho de 2019

Organizadores dos protestos pró-democracia no Sudão elevaram para mais de 100 número de mortos resultantes da repressão violenta das manifestações. A oposição rejeitou proposta da junta militar para retomar diálogo.

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Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Najib

O Comité Central de Médicos do Sudão elevou esta quarta-feira (05.06) para 101 o número de mortos na repressão violenta das manifestações do início da semana.

Segundo um comunicado do sindicato médico, 40 corpos foram retirados do rio Nilo por uma milícia leal ao governo militar, que se somam a outros 61 mortos contabilizados desde segunda-feira.(03.06). Os médicos acusaram a milícia "yanyauid", leal às autoridades de Cartum, de ter retirado os corpos no rio e de levá-los para um lugar desconhecido.

O comunicado diz ainda que "as milícias do Conselho Transitório continuam a matar e a aterrorizar pessoas inocentes e indefesas nas ruas e dentro das suas casas em Cartum e em todo o país, o que aumenta o número de mortos e feridos nos hospitais".

O Governo do Sudão contraria os números dos opositores. No primeiro balanço feito desde o início da operação militar para desmobilizar o acampamento de manifestantes em Cartum, o ministro da Saúde negou "que o número de mortos tenha atingido os 100", assegurando que "não ultrapassa os 46", segundo a agência de notícias oficial Suna. 

Oposição rejeita proposta para retomar diálogo

Esta quarta-feira, a oposição do Sudão rejeitou uma proposta da junta militar, no poder, para retomar o diálogo, questionando a seriedade dos militares sobre as negociações quando disparam sobre a população e matam manifestantes

O presidente do Conselho Militar Transitório do Sudão, Abdel Fattah Burhan, afirmou por sua vez disponibilidade para retomar as negociações "sem restrições", depois de, na terça-feira, ter anunciado a suspensão de todos os acordos alcançados com a oposição.

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A Associação de Profissionais Sudaneses, que lidera os protestos, classificou a proposta como uma tentativa de "reeditar" os passos do ex-Presidente Omar al-Bashir, deposto pelos militares em abril.  

A tomada de posição de Burhan surgiu depois de, na segunda-feira, as Forças Armadas terem lançado uma operação militar para desmobilizar o acampamento de opositores em Cartum, que exigem a transição do poder para uma autoridade civil.

EUA condenam ataques

Os Estados Unidos condenaram esta quarta-feira (05.06) "os recentes ataques contra manifestantes" no Sudão e apelaram aos militares no poder a "renunciarem à violência", após a repressão dos protestos que matou mais de 100 pessoas desde segunda-feira (03.06).

"Os Estados Unidos condenam os recentes ataques contra manifestantes no Sudão", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA em comunicado, acrescentando que a diplomacia americana reafirma o seu desejo de ver uma transição liderada por um Governo civil para realizar eleições numa "data apropriada".

Entretanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) retirou do Sudão funcionários não essenciais. "Nós relocalizámos temporariamente pessoal da ONU não essencial, se bem que todas as operações da Organização continuem no Sudão", indicou a porta-voz Eri Kaneko.

Não foi detalhado o número de funcionários retirados nem para onde foram transferidos. A ONU dispõe de uma grande presença no Sudão, com funcionários de 27 organismos, que se dedicam sobretudo a ajuda humanitária à população.  A ONU tem uma missão de paz no Darfur, realizada em conjunto com a União Africana, com cerca de 7.200 militares e polícias.