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Riqueza em recursos naturais provoca chuva de investimentos estrangeiros em Moçambique

29 de fevereiro de 2012

O interesse da Shell em explorar o gás moçambicano está a agitar Maputo. A petrolífera anglo-holandesa tenta a todo o custo obter as ações da Cove Energy, que explora o recurso em Moçambique.

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Kumba Ialá, o homem do "barrete vermelho" é o líder do Partido da Renovação Social - o PSR - e o seu candidato às presidenciais de 18 de março
Kumba Ialá, o homem do "barrete vermelho" é o líder do Partido da Renovação Social - o PSR - e o seu candidato às presidenciais de 18 de marçoFoto: picture-alliance/dpa

Nos últimos tempos Moçambique tem atraído muito investimento estrangeiro devido às descobertas de gás natural. A empresa irlandesa Cove Energy colocou à venda 8,5% das ações que detém na prospecção de hidrocarbonetos liderada pela norte-americana Anadarko. A empresa tailandesa PTT manifestou interesse, tal como a Shell.

Assédio da Shell

Entretanto o assédio da Shell tem sido tão grande que está a provocar uma agitação neste mercado. A Cove Energy, por seu lado, já demonstrou a sua satisfação pela oferta da Shell, que agora subiu para 1,37 mil milhões de dólares.

Kumba Ialá governou entre 2000 e 2003 mas não convenceu! Agora vai tentar uma segunda vez
Kumba Ialá governou entre 2000 e 2003 mas não convenceu! Agora vai tentar uma segunda vezFoto: picture-alliance/dpa

Mas o que é que esse interesse pode representar para Moçambique?Sebastian Meiler da Economist Intelligence Unit acredita que estas riquezas e consequente chuva de investimentos estrangeiros significa "a mudança da estrutura económica" de Moçambique. O economista acredita que "nos próximos dois anos veremos importantes investimentos na indústria extrativa, principalmente do gás. Isso irá impulsionar o crescimento da economia moçambicana, atrair investimento adicional também para infra-estruturas e para o sector privado".

Críticas ao governo

Enquanto a disputa entre as empresas prossegue, o governo moçambicano estuda formas de tirar mais valias desta situação. Mas Maputo já fez saber que vai taxar a operação de compra das ações da Cove Energy com um imposto de 12,8%. Entretanto, o governo moçambicano tem sido alvo de várias críticas a nível interno e externo por falta de transparência e por não tirar os devidos proveitos dos mega-projetos, facto que prejudica o país.

Para Sebastian Merley os resultados destes investimentos, em termos de desenvolvimento do país, podem ser positivos se o governo mantiver "as coisas claras com os investidores, em termos de transparência, no que diz respeito à forma de taxação na transação entre a Cover Energy e as empresas interessadas".

O economista defende que os cidadãos têm de saber quanto o governo ganha com a transação. Também é tarefa do governo, acrescenta Merley, "investir em infra-estruturas, mas também noutros sectores".

Boas perspectivas de crescimento mas...

De acordo com previsões da Economist Intelligence Unit, Moçambique vai ter um crescimento forte atingindo uma média de 8% ao ano, devido principalmente, ao sector mineiro. Apesar das boas perspectivas de crescimento económico apresentadas pelo próprio governo e por instituições internacionais, as condições de vida das populações ainda são difíceis.

A sociedade civil local tem relatado casos em que as comunidades em redor dos mega-projectos não registaram melhorias assinaláveis. Face a isto a Economist Intelligence Unit considera que o governo deve providenciar mais benefícios à população.

A Guiné Bissau continua a mostrar marcas de extrema pobreza
A Guiné Bissau continua a mostrar marcas de extrema pobrezaFoto: AP

Por outro lado a organização tem uma previsão otimista para o país, sob o ponto de vista do comércio internacional. Segundo Sebastian Melier, "É certo que Moçambique se tornará um importante interveniente no comércio internacional. A Anadarko tem muito interesse no gás, o que significa que ele será vendido para vários lugares".

Autora: Nádia Issufo
Edição: Carla Fernandes/António Rocha

15.03 Entrevista Kumba Ialá - MP3-Mono