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Salafistas radicais continuam a agir na Alemanha

Esther Felden | Matthias von Hein | Tainã Mansani
27 de outubro de 2018

Proibições impostas pelo Governo federal alemão tiraram organizações salafistas do espaço público, mas radicais continuam a recrutar seguidores pela internet. Atividades nas redes desafiam serviços de investigação.

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Polícia alemã faz controle de radicais salafistas na cidade de ColóniaFoto: Getty Images/M. Wienand

O salafismo é uma corrente conservadora do islamismo sunita. Os seus seguidores interpretam o Alcorão literalmente, concentrando-se na forma como o profeta Maomé e os seus sucessores imediatos viveram o islamismo. Essa ideologia religiosa é um terreno fértil para uma contracultura extremista, que também tem se desenvolvido em várias cidades alemãs, em muitos casos clandestinamente.

Pierre Vogel é um nome já conhecido entre alemães convertidos ao Islão. Ao microfone, pede aos seus seguidores que repitam as suas palavras. Entusiasmada, uma mulher na cidade de Offenbach, oeste da Alemanha, repete com ele as palavras do credo islâmico. O acontecimento já foi em 2010, mas continua disponível no Youtube.

Salafistas radicais continuam a agir na Alemanha

Até 2016, os salafistas apareciam sempre de forma confiante e agressiva em público. Homens de barba com vestes brancas, como Pierre Vogel, distribuíam edições em alemão do Alcorão em mercados e ruas, especialmente nas cidades do interior no oeste da Alemanha. Em vários países, pessoas foram convertidas nos chamados "seminários islâmicos".

"O salafismo é muito alinhado com as práticas missionárias. Isso significa interesse em atrair sempre mais pessoas", diz Burkhard Freie, diretor do órgão de segurança interna do estado da Renânia do Norte-Vestfália, na Alemanha.

Em 2016, o Ministério Federal do Interior proibiu a associação "Die Wahre Religion" (Religião Verdadeira), que organizava campanhas de distribuição do Alcorão nas ruas alemãs. Segundo o diretor do órgão de segurança interna da Alemanha, a associação islamita "representava uma ideologia que ameaçava a ordem constitucional, defendendo a luta armada jihad e o recrutamento, por todo o país, de pessoas para o islamismo, que também eram incentivadas a ir para a Síria ou para o Iraque".

Nas redes

Agora, os salafistas radicais já não se apresentam publicamente. Mas também não desapareceram. Kaan Orhon é membro do grupo para a desradicalização "Hayat", que trabalha em toda a Alemanha e diz: "No que diz respeito aos eventos deles, agora acontecem longe dos olhos da sociedade, fora dos espaços públicos. E o mesmo se passa com o recrutamento: cada vez mais acontece por abordagens privadas, de contactos pela internet, programas de chat, como WhatsApp, ou mesmo canais do Telegram".

As atividades pela internet e os encontros privados tornam mais difíceis as investigações da polícia e dos serviços secretos. "Depois das proibições pelas agências de segurança, essa práticas diminuíram muito na Alemanha, mas elas ainda existem em locais privados. Isso torna mais difícil investigar a cena salafista. E também por isso o número de adeptos não cresce", diz Burkhard Freie.

Nenhum outro Estado federal alemão tem mais salafistas do que a Renânia do Norte-Vestfália. Praticamente todos os ataques motivados por islamistas na Alemanha nos últimos anos foram cometidos por pessoas que se radicalizaram e se converteram ao salafismo.

Isso também se aplica a Anis Amri, que em 19 de dezembro de 2016 cometeu o ataque ao mercado de Natal em Berlim. Na ocasião, 12 pessoas perderam a vida. Foi o ataque islâmico mais sangrento até então na história da Alemanha.

 

Tainã Mansani Jornalista multimédia