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Seca é o desastre natural mais mortífero

Marina Estarque17 de junho de 2013

As secas matam mais que qualquer outro desastre natural, afirmam as Nações Unidas. Nas últimas três décadas, mais de 1,5 mil milhões de pessoas morreram devido ao fenómeno. Dez províncias de Angola estão em risco.

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Seca é o desastre natural mais mortífero
Seca é o desastre natural mais mortíferoFoto: picture alliance/Ton Koene

Esta segunda feira, 17 de junho, celebra-se o Dia Mundial de Combate à Desertifição e à Seca, criado pela ONU em 1994. Sob o lema "Don't let our future dry up"- em português, "Não deixe o nosso futuro secar" - o organismo internacional apela para o uso sustentável da água e a conservação da terra.

Atualmente, mil milhões de pessoas sofrem com escassez de água e mais de 40% da superficie terrestre no mundo é de desertos e áreas com baixos índices pluviométricos. Yukie Hori, uma das coordenadoras da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), afirma que "as secas são desastres naturais, mas, ao contrário de outros desastres, elas se instalam lentamente. Portanto, elas são previsíveis e podem ser mitigadas".

Mais de dez milhões de pessoas no verão de 2011 na Somália, Quênia e Etiópia afetadas pela pior seca em 50 anos - dezenas de milhares de pessoas morreram de fome
No verão de 2011, na Somália, Quénia e Etiópia, mais de dez milhões de pessoas foram afetadas pela pior seca em 50 anos - dezenas de milhares morreram de fomeFoto: CC/SodexoUSA

"No entanto", continua a especialista, "elas afetam mais vidas que qualquer outro desastre – mais que terremotos e furacões juntos. Com as mudanças climáticas, as secas devem aumentar em intensidade, frequência e extensão. Somente um país no mundo tem uma ampla política nacional para a seca".

Segundo a ONU, em 2030, metade da população global irá sofrer com a falta de água
Segundo a ONU, em 2030, metade da população global irá sofrer com a falta de águaFoto: picture alliance/Anka Agency International

Angola: seca afeta 2 milhões

Em Angola, uma seca persistente tem assolado há dois anos 10 das 18 províncias do país. A estiagem prolongada atinge principalmente Benguela, Cunene, Huíla e Namibe, no sul de Angola. Na região, muitas famílias vivem da agricultura e pecuária. Falta água e comida para as pessoas e pastagem para os rebanhos. No início do ano, a Cruz Vermelha Internacional alertou que quase dois milhões de angolanos estavam sofrendo com a escassez de alimentos devido à alternância de secas e inundações.

O representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em Angola, Mamoudou Diallo, frisa que esta é "uma zona muito frágil ecologicamente, os ecossistemas são muito frágeis". Por outro lado, afirma, "esta é  uma zona com um défice pluviométrico recorrente e os câmbios climáticos no mundo inteiro também têm repercussão no sul de Angola". O representante da FAO ressalta também a importância de se criar um sistema nacional de alerta e resposta rápida, que permita antever as secas.

Migração e abandono escolar são consequências

Em Gambos, município na província de Huíla, o padre Pio Wacussanga tem acompanhado de perto o impacto da estiagem na população local.

De acordo com Wacussanga, a seca tem promovido a migração de jovens para as cidades. "Muitos estão a sair das suas zonas, sobretudo rapazes. Infelizmente, as mulheres que têm filhos têm de ficar lá", conta. "Mas os rapazes", afirma, "estão a procurar nas vilas e cidades algum tipo de trabalho pontual, precário".

Pio Wacussanga afirma ainda que a seca diminuiu a frequência dos alunos nas escolas, além de causar um aumento dos casos de cólera, devido à falta de água potável. Segundo várias fontes, cerca de 900 mil pessoas precisam urgentemente de ajuda alimentar na província de Huíla.

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