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Seca no centro de Moçambique deixa população à fome

Marcelino Mueia (Quelimane)13 de julho de 2016

A província da Zambézia, centro de Moçambique, continua em alerta vermelho devido à situação de seca. A população está a comer tubérculos e folhas aquáticas para sobreviver à falta de alimentos.

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Um habitante da Ilha de Uachita na apanha da nhia nos pântanos de NicoadalaFoto: DW/M. Mueia

A crise alimentar que se abateu sobre a Zambézia, sobretudo no distrito de Nicoadala, afeta mais de cem famílias na Ilha de Uachita.

A população está a consumir capepe e nhia, duas espécies de capim, para fazer face à fome. Luís Baptista, um dos habitantes, adianta que estes alimentos não faziam parte da dieta na região até há bem pouco tempo, mas que por causa da escassez de comida, provocada pelas fracas colheitas agrícolas, são agora a única saída.

"Estamos a sofrer com a seca e estamos a comer produtos aquáticos, mas gostávamos que o Governo também olhasse para nós como população de Mocambique", reivindica.

Mosambik Nhia von der Insel Uachita
Nhia, uma planta aquática que está a ser consumida pela população da Ilha de Uachita devido à falta de alimentosFoto: DW/M. Mueia

Distribuição de comida

Face à situação dramática na região, o Governo, através do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, canalizou 250 quilogramas de feijão manteiga e milho para apoiar as mais de 100 famílias da Ilha de Uachita, a 70 quilómetros da capital da Zambézia, Quelimane.

Este apoio, segundo os residentes, é insuficiente, uma vez que além de servir como alimento, uma parte dos grãos é semeada para incrementar as próximas colheitas, tal como recomenda o Governo.

Apesar da grave escassez de alimentos, o administrador de Nicoadala, Vicente Cinquenta, apela à população para deixar de comer capepe e nhia, alimentos sem grande valor nutritivo, e dedicar-se mais à agricultura, para produzir mais milho e feijão com base na oferta já enviada pelo Executivo.

"Não podemos sair à rua para chorar à fome e dizer que não há nada para comer, se não se vai à machamba. O nosso apelo é que a população continue a fazer a produção, alargando as suas machambas e aproveitando este momento para fazer o cultivo de batata-doce, couve, tomate e outros tubérculos. Nao podemos ficar à espera que o Governo traga milho para oferecer. Temos de combater a pobreza, trabalhando", avisa Cinquenta.

Outros distritos em situação de carência alimentar

Mosambik Maria Madalena Luciano in Sambesi
Delegada do Instituto de Gestão de Calamidades na Zambézia diz que 50 mil pessoas são afetadas pela falta de alimentosFoto: DW/M. Mueia

A delegada do Instituto de Gestão de Calamidades na Zambézia, Maria Madalena Luciano, explica que, para além da Ilha de Uachita, outras 50 mil pessoas estão a enfrentar problemas de escassez de alimentos.

De acordo com a responsável, estas comunidades carenciadas vivem em distritos de difícil acesso por causa do conflito armado que fustiga a região e pela falta de segurança das vias terrestres.

Maria Madalena Luciano garante que tudo está a ser feito para que os distritos afetados, localizados na zona sul da Zambézia - como Derre, Morrumbala, Chinde, Luabo e Mopeia - tenham o mesmo apoio que as outras regiões que estão a viver o drama da falta de comida.

"A província sofreu muito por causa da estiagem, não exatamente seca, porque choveu, mas choveu pouco, principalmente no sul da província", comenta a delegada.

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