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"Selfie-lixo": Angolanos protestam contra sujeira em Luanda

27 de março de 2021

Grupo de ativistas está a levar a cabo campanha de auto-retrato com o lixo para chamar a atenção aos governantes sobre o perigo que os resíduos espalhados pelas ruas representam para a saúde pública e o meio ambiente.

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Müll auf einer Straße in Luanda
Há cerca de três meses, Luanda sofre com a falta de recolha de resíduos sólidosFoto: Borralho Ndomba/DW

Os cidadãos em Luanda estão cada vez mais agastados com as grandes quantidades de resíduos sólidos que se registam espalhados por todos os cantos da capital angolana.

"É insustentável e inadmissível a quantidade de lixo amontoado que há aqui em Viana. Nos coloca numa posição de fragilidade, olhando para as terríveis consequências que podem advir daí nessa época de chuva", lamenta Aldino Pascoal, em declarações à DW África.

Também Mendes Dumbo, outro residente da capital angolana, desabafa: 

"Nós aqui no Kilamba Kiaxi estamos mal. Veja só, lixo tipo comboio", afirma apontando para o extenso amontoado de resíduos a perder de vista.

Auto-retrato com o lixo

Esta semana, um grupo de ativistas lançou uma campanha em Luanda denominada "Selfie-lixo" para denunciar o estado precário do saneamento básico no país.

A iniciativa propõe tirar uma foto junto ao lixo, na qual o participante na campanha indica o seu nome, rua, bairro e a província onde a fotografia foi tirada. Depois, encaminha ao mentor a fotografica com as informações, que são publicadas na rede social Facebook. e o que não falta são montes e mais montes de lixo espalhado.

Hervey Madiba, um dos mentores da campanha, explica os objetivos da iniciativa.

"Pensamos que os nossos governantes não vêem o lixo, esse grave problema de saúde pública e do meio ambiente nas nossas ruas. Então, podemos ajudar-lhes mostrando as nossas fotos", disse.

Muitos internautas estão a participar da campanha. Neidy Correia, por exemplo, mostra a situação no Kilamba Kiaxi:

O projeto que começou em Luanda já se estendeu até a capital da província do Namibe, uma das cidades do litoral sul de Angola.

"Tenho a certeza absoluta que essa campanha vai resultar em alguma coisa. Só para termos uma noção, a campanha foi criada dia 24 e já temos publicações até de Moçâmedes, um foto tirada na Escola 11 de Novembro", relata Madiba. 

Não é a primeira vez que Luanda fica inundada com lixo. Também não é a primeira vez que ativistas levam a cabo uma campanha do gênero.

"Infelizmente, estamos na nossa segunda edição. Por se tratar de uma questão de saúde pública, gostaríamos que essa fosse a nossa última campanha", diz o mentor da iniciativa.

A primeira edição da campanha contra o lixo em Luanda foi em 2015. Quase seis anos depois, lança-se outra campanha pela mesma razão: o lixo.

Trilha sonora especial

Mas Em 2018, foi publicada a música intitulada "Cidade Lixuosa", uma composição de Dino Ground e Mr. Telles. O tema com coro de Maima Fernandes, acompanha a campanha deste ano.

Hervey Madiba não quer que a sociedade faça confusão sobre a iniciativa.

"As pessoas ainda têm medo de participar em campanhas como estas. Por isso, fazemos questão de deixar bem claro que é apenas mais um ato de cidadania e não um ato político", garante. 

Espera-se que, com essa campanha e com a realização do concurso público para novas operadoras de limpeza, o lixo em Luanda tenha os dias contados. 

Na última terça-feira (23.03), Joana Lina governadora da província de Luanda, reconhecendo o problema, pediu desculpas públicas aos citadinos e pediu paciência.