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Sem emprego, jovens da Lunda Norte exploram garimpos

Borralho Ndomba (Lunda-Norte)
28 de outubro de 2018

Cerca de 50 mil pessoas estão desempregadas na província, que tem falta de escolas e serviços de saúde. Sem opções, jovens acabam por explorar diamantes, mas não ganham o suficiente para adquirir itens básicos.

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Jovens não têm opções de trabalho em Lunda NorteFoto: DW/B. Ndomba

Os populares da província da Lunda Norte queixam-se da falta de emprego, de assistência médica, água e energia elétrica na terra onde são explorados diamantes, uma das maiores riquezas de Angola. Segundo números oficiais, cerca de 50 mil pessoas estão desempregadas, na sua maioria jovens, que dependem do garimpo de diamantes (a camanga), da atividade de mototáxi e de pequenos negócios para o sustento familiar.

Com o combate cerrado à exploração ilegal de diamantes que está ser levado a cabo pelo Executivo angolano, muitos jovens nos municípios do Lucapa e Cambulo, na Lunda Norte, queixam-se da falta de emprego. A província não oferece outras opções para quem precisa de trabalho. O garimpo de diamantes é o que mais atrai os jovens.

Sem emprego, jovens da Lunda Norte exploram garimpos

Victor, de 19 anos, mora na vila de Nzage, no município de Cambulo, e já concluiu o ensino médio. Mas a falta de opções laborais levou-o a enfrentar o perigo de explorar diamantes, a única atividade que faz há três anos. "Sou técnico médio, mas por falta de emprego sou obrigado a fazer o garimpo. Também não fizemos o garimpo à vontade por causa das autoridades que estão sempre a correr conosco", disse o jovem.

Alguns residentes locais acusam os estrangeiros de usurparem os seus postos de trabalho. Joazinho e os amigos são garimpeiros. Desempregados, afirmam estar fartos das promessas do governo. "Não estamos a conseguir trabalhar. Estamos mal mesmo, nem dez kwanzas (0,30 euros) temos no bolso. Eles nos aconselham para não roubarmos, porque teremos emprego e o emprego não estamos a ver", afirma.

Devido à escassez de sala de aulas, os alunos têm de estudar no interior das igrejas, queixam-se os habitantes da Lunda Norte. "Aqui não temos escolas. Precisamos de escolas definitivas, porque aqui estamos a estudar nas igrejas. Os bairros Tchiluata, Vega, Sibangola e outras áreas daqui do Lucapa não têm escolas", disse Joazinho.

Problema generalizado

 província dispõe de rios como o famoso Luachimo. Ainda assim, os populares gastam muito dinheiro para ter água em casa. "Água aqui é pior. Os carros que trazem água da captação nos vendem cada barril por mil kwanzas. Um recipiente de 20 litros de água custa 200 kwanzas (cerca de 0,60 euros). A comida também é cara. Dois peixes custam 500 kwanzas (1,43 euros)", reclama um morador do Lucapa, que não quis se identificar.

Angola Ernesto Muangala
Ernesto Muangala, governador da Lunda NorteFoto: DW/B. Ndomba

Naquele município, os bairros não têm eletricidade. "De dia Lucapa parece ser um município, mas de noite parece ser um cemitério devido à falta de luz. Fica muito escuro", critica.Os problemas vividos no Lucapa e Cambulo são praticamente os mesmos que preocupam os outros habitantes do Cuango, Cafunfu e Chitato, o município-sede da província.

Segundo o governador da Lunda Norte, Ernesto Muangala, há cerca de 50 mil desempregados na sua zona. O governante considera o assunto "uma preocupação nacional". 

"Essa é a maior preocupação que temos. Há aqueles que têm um emprego temporário de um projeto de exploração de diamantes que depois o projeto termina e as pessoas voltam no desemprego. Há uns que trabalham no setor da construção civil ou por conta própria", lamenta.

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