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Sem Trump: Maputo acolhe Cimeira EUA-África

Silja Fröhlich | ms
18 de junho de 2019

Mais de mil representantes dos setores económicos africano e norte-americano e vários chefes de Estado reúnem-se a partir desta terça-feira na capital moçambicana. Só o Presidente dos Estados Unidos não vai à cimeira.

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Foto: picture-alliance/dpa

É considerado um evento de extrema importância para as relações comerciais entre norte-americanos e africanos. A Cimeira Estados Unidos-África, que decorre até sexta-feira (21.06), em Maputo, terá entre os oradores nomes como Paul Kagame, Presidente do Ruanda, e Uhuru Kenyatta,  Presidente do Quénia.

Os chefes de Estado da Guiné-Bissau, do Zimbabué, da Namíbia e do Malawi também já confirmaram a presença no evento, organizado de dois em dois anos pelo Conselho Corporativo para África (CCA), uma associação comercial norte-americana.

O que os africanos pensam sobre Donald Trump?

Mas apesar dos convidados de peso, o Presidente norte-americano, Donald Trump, não estará presente na cimeira. Será representado pela vice-secretária do Comércio, Karen Dunn Kelley.

"É pouco provável que o Presidente Trump participe num evento como este. Pessoalmente fez muito pouco em relação a África. Só recebeu dois dirigentes da África subsaariana na Sala Oval", lembra Judd Devermont é diretor do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, D.C. "A questão mais importante é o que significa não ter nenhum membro de topo do Governo neste evento, o que acaba por ser um pouco decepcionante", diz.

"América é muito importante para África"

No entanto, a ausência de Trump não é um sinal do desinteresse económico da América, diz Judd Devermont. O especialista lembra um discurso recente do conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton.

"De acordo com a estratégia dos EUA para África, anunciada em dezembro pelo embaixador Bolton, o objetivo é aumentar o comércio e o investimento, combater o terrorismo e a instabilidade e procurar mais estabilidade", recorda. "O Governo também quer garantir que há responsabilidade no que toca ao investimento dos Estados Unidos e ao dinheiro dos contribuintes norte-americanos", explica ainda Devermont.

Maputo acolhe Cimeira EUA-África

Por enquanto, o comércio entre África e os Estados Unidos representa apenas 1,5% do comércio exterior de Whashington. O que não significa que os EUA tenham abandonado o continente.

Pelo contrário, investem até muito dinheiro em África, diz o politólogo Philipp Gieg, da Universidade de Würzburg, na Alemanha. "A América é muito importante para África em matéria de investimento direto estrangeiro. Isso significa que as empresas americanas investem ou iniciam parcerias lá", explica.

"Os Estados Unidos ainda são o número um ou o número dois em termos de investimento direto em África, mesmo que agora sejam apenas o sexto maior parceiro comercial, muito atrás da China e da Índia e até da França", lembra o especialista.

Concorrência da UE e da China 

Calcula-se que só na África do Sul há 600 empresas norte-americanas, incluindo algumas das maiores empresas dos EUA. Em 2016, os Estados Unidos investiram quase 10 milhões de dólares em ajuda, mais do que instituições da União Europeia (UE), com cerca de 6,3 milhões de dólares.

赞比亚 - Zâmbia com etiqueta chinesa

Mas a América não está sozinha no mercado africano. O bloco económico da UE é considerado o maior parceiro comercial de África, com um volume de exportações de 827 mil milhões de dólares num período de dez anos.

Outro concorrente de peso são os chineses, que procuram alargar a sua influência em África. A República Popular da China concedeu já a Estados e empresas africanas 143 mil milhões de dólares em empréstimos, entre 2000 e 2017, tornando-se, assim, no maior doador no continente.

Desenvolvimentos positivos

A Agência norte-americana para o Comércio e o Desenvolvimento já anunciou que quer apoiar o setor privado na África sub-saariana, para que não fique tão dependente do desenvolvimento dos Estados Unidos ou da assistência humanitária.

Mas antes de Donald Trump também houve outros desenvolvimentos positivos, como a AGOA - Lei de Crescimento e Oportunidades para África, por exemplo, lembra o politólogo Philipp Gieg. "E também houve algumas iniciativas económicas que foram pequenas, mas bem sucedidas. Mas, no geral, nunca houve muito impulso relativamente à política externa de África", destaca.

Sob o lema "Promover uma parceria resiliente e sustentável", a cimeira Estados Unidos-África que decorre até sexta-feira (21.06.), em Maputo, vai discutir estratégias, visões e iniciativas para a promoção de empresas e investimentos. Em destaque a agricultura, a energia, a saúde, as infraestruturas e as finanças.