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Burkina Faso e o uso de técnicas inovadoras de irrigação

Peter Hille / Cristina Krippahl21 de março de 2013

No Burkina Faso, por exemplo, dos 16 milhões de habitantes, quatro milhões não têm o bastante para comer. Por isso, o país depende da ajuda alimentar internacional. Mas, desde os anos de 1990, a situação tem melhorado.

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Tubo num campoFoto: DW/P. Hille

Quando Mando Adayé abre a torneira, da mangueira não sai um jacto de água para irrigar as suas bananeiras, mas saem gotas de minúsculos buracos na borracha negra. Estas caem lentamente no solo.

A região em questão fica a duas horas de carro do deserto do Sahel. Na época seca, a temperatura chega aos 35°C e a falta de água é grande. Por isso, Adayé optou por, quando chove, recolher a água num reservatório.

Burkina Faso Landwirtschaft Ouagadougou Obstbauer
Adayé optou por recolher água da chuva num reservatórioFoto: DW/P. Hille

Quando chega o tempo da seca, ele transporta essa água por meio de tubos para as bananeiras e mangueiras. Antes de optar por este sistema de gota-a-gota, gastava o dobro da água: "Estou satisfeito com a irrigação gota-a-gota. Tornou tudo mais simples. Só preciso de bombear água uma vez, e teoricamente podia ir dormir em seguida", explica ele.

A água agora é suficiente para todo o ano, de modo que as colheitas são muito mais produtivas.

Subsídios financeiros

Cem quilómetros mais a sul, fica o Ministério da Agricultura, na capital Ouagadougou. Nele, Seydina Oumar Traoré é o responsável pelas questões de irrigação. O seu departamento ajudou a financiar o sistema usado por Adayé.

"O Governo promove o uso desta técnica. Colocamos à disposição dos agricultores sistemas de irrigação gota-a-gota, que são subsidiados em dois terços do preço final", conta Traoré.

Burkina Faso Landwirtschaft Tröpfchenbewässerung Ouagadougou
Somente 5% da superfície arável do Burkina Faso é cultivadaFoto: DW/P. Hille

O orçamento previsto para os subsídios em 2013 alcança o equivalente a seis milhões de euros, acrescenta o director do departamento. A sua esperança é que, um dia, o Burkina Faso se transforme num país exportador de produtos agrários.

Sim à pequena agricultura

Atualmente, apenas cinco por cento da superfície arável do Burkina Faso é cultivada. O potencial é enorme, confirma Stephan Neu, representante do banco de desenvolvimento alemão, KfW, que também financia projectos de irrigação no país.

Mas Neu não vê o país como grande produtor: "O Burkina Faso aposta na pequena agricultura. A sociedade aqui não comporta os grandes latifundiários, e não existe nenhuma tradição nesse sentido. Seria necessário mudar muita coisa. Tanto mais que há um problema de distribuição de terra num país onde a população cresce 3,2 por cento ao ano. A terra é limitada".

Burkina Faso Landwirtschaft Ouagadougou Laurent Stravato
Laurent Stravato lida somente com pequenos agricultoresFoto: DW/P. Hille

Gota-a-gota não é novidade

O empresário Laurent Stravato lida exclusivamente com pequenos agricultores. O burquinabe, de origem italiana, falou com a DW no meio de um campo de oito metros quadrados com pimentos maduros. Trata-se de um campo de testes da empresa internacional de desenvolvimento iDE, que constrói sistemas de irrigação especialmente para pequenos agricultores: "Mas não queremos fazer lucros, estamos a desenvolver este mercado".

Stravato realça que a irrigação gota-a-gota não é novidade. A técnica já é aplicada em muitos países do hemisfério Sul, da Europa, do Médio Oriente e mesmo em África: "Mas é revolucionária por aqui, porque acaba de chegar à zona do Sahel".

Sistema de irrigação gota-a-gota pode ser a solução