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Somalilândia elege novo Presidente

Sella Oneko | cvt
14 de novembro de 2017

Mais de 700 mil eleitores da Somalilândia, Estado semi-autónomo da Somália que ainda não é reconhecido internacionalmente, foram às urnas esta segunda-feira. Votação ficou marcada pela suspensão das redes sociais.

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Somaliland Wahlen
Foto: Getty Images/AFP

Ao final do dia desta segunda-feira, as autoridades da Somalilândia deram início à contagem dos votos. Muse Bihi do partido no poder, Kulmiye, Abdirahman Iro e Faysal Ali Warabe, da oposição, são os três candidatos à sucessão do Presidente Ahmed Mohamud Silaanyo. Todos são políticos experientes e não há um favorito claro, segundo os analistas.

Embora a política doméstica possa determinar o resultado, o debate sobre o reconhecimento da Somalilândia como um Estado independente é um dos pontos principais nestas eleições. A Somalilândia separou-se da Somália em 1991, quando o país entrou em guerra civil. Desde então, tenta alcançar o reconhecimento internacional sem sucesso e é tratada como uma região autónoma.

Nos últimos 26 anos, as nações africanas e ocidentais sustentaram que a independência tem de passar por negociações com o Governo de Mogadíscio.

Somaliland Wahlen
Fila para votar em Hargeisa, na Somalilândia.Foto: Getty Images/AFP

Segundo Laura Hammond, especialista do Instituto de Estudos de África e Médio Oriente da Universidade de Londres, “isto é frustrante para a Somalilândia, uma vez que as pessoas consideram que não há, na verdade, um Governo responsável a sul com quem interagir”.

“Porque é que a Somalilândia, que tem, regra geral, vivido em paz e segurança nos últimos 26 anos, deve ser condicionada por um país que não tem sido capaz de gerir os seus próprios assuntos?”, questiona Hammond. Por outro lado, a especialista lembra que há muitos cidadãos do sul que vivem na Somalilândia e vice-versa. “Estas pessoas continuam a ter esperança na unidade nacional”, afirma.

População "tem o direito de determinar” quem governa

Michael Walls, observador-chefe da Missão Internacional de Observação Eleitoral (EOM) para a Somalilândia, defende, entretanto, que as eleições têm significado nacional e internacional, "independentemente de qual seja o status da Somalilândia”.

Eleições Somalilândia - MP3-Mono

Segundo o analista, "a realidade é que as pessoas da Somalilândia ainda estão aqui e ainda têm o direito de determinar quem as governará. A Somalilândia tem um histórico bastante impressionante em termos de estabelecer a paz numa área que é muito difícil e também na realização de eleições com sucesso”.

Com um porto no Golfo de Aden, uma rota marítima anteriormente atormentada pela pirataria e que é fundamental para ligar a Ásia ao Canal de Suez e depois à Europa, a comunidade internacional vê a estabilidade da Somalilândia como importante.

Com a presença contínua de militantes islâmicos na Somália, a crise política no Iémen e o forte domínio do partido no poder na Etiópia, eleições livres são um acontecimento raro no Corno de África. Mesmo na Somalilândia, as eleições foram adiadas por dois anos, após o final do mandato de cinco anos de Ahmed Mohamud Silaanyo, em 2015.

Registo biométrico inédito

Nestas eleições, mais de 700 mil eleitores - ou seja, cerca de 20% da população - foram os primeiros no mundo a registarem-se através do reconhecimento biométrico da retina.

"Há muita fé no registo visual de eleitores. Já não foi manipulado como no passado - com múltiplos registos e assim por diante”, diz Michael Walls. Nesse sentido, acrescenta, "a introdução do novo registo de eleitores tem sido muito útil para melhorar a integridade das eleições”.

Organizações de defesa dos direitos humanos criticaram o Governo pelo corte planeado dos serviços de redes sociais no final do dia da votação. As autoridades justificaram a medida com a necessidade de conter a disseminação de informações falsas. Em abril do próximo ano estão previstas eleições parlamentares na Somalilândia.

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