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Sudão do Sul e homossexualidade no Uganda em destaque na imprensa alemã

Madalena Sampaio27 de dezembro de 2013

O conflito que já fez milhares de mortos no Sudão do Sul foi o tema “africano” mais comentado esta semana por jornais em língua alemã. A lei que pune a homossexualidade no Uganda foi outro dos assuntos abordados.

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Foto: Fotolia

Os combates e a escalada da violência étnica no Sudão do Sul levantam temores de que o país mais jovem do mundo possa cair novamente numa guerra civil, noticia a imprensa alemã. Mas o que parece claro é que “a situação no país já está fora de controlo”, escreveram esta semana os jornais Süddeutsche Zeitung e Der Tagesspiegel.

O apelo lançado pela União Africana para que as duas partes em conflito pousassem as armas no dia de Natal também não produziu qualquer efeito: os combates continuaram, centrando-se agora nas regiões petrolíferas, observa o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung.

Na quarta-feira (25.12), a luta estendeu-se à cidade de Malakal, capital do estado do Alto Nilo, onde tropas leais ao Presidente Salva Kiir enfrentavam as forças do antigo vice-presidente Riek Machar.

O petróleo representa mais de 95 por cento da economia do Sudão do Sul. O risco de que a produção petrolífera volte a secar preocupa sobretudo o Governo de Cartum, lembra o jornal. Os confrontos estão já a prejudicar a produção de petróleo e a fazer subir os preços do crude.

Velhos rivais

O Presidente Salva Kiir e o seu rival, Riek Machar, que se encontra foragido há mais de uma semana, deram sinais de estarem dispostos para dialogar, mas ao mesmo tempo apresentaram como pré-condições reivindicações inaceitáveis, sublinha Der Tagesspiegel.

Südsudan Juba Riek Machar Salva Kiir 09.07.2013
Riek Machar (à esq.) e Salva Kiir, dois velhos rivaisFoto: Reuters

Antes da independência, os dois homens já eram rivais políticos. Salva Kiir, que acusa o rival de tentativa de golpe de Estado, mantém o mandado de captura contra o seu ex-vice-presidente, destituído em julho. E Riek Machar apela a Kiir para que liberte, pelo menos, dez proeminentes presos políticos da oposição. Oito dos dez detidos são ex-ministros do Governo destituído há meio ano.

Foi o que tentou já Rebecca Nyandeng, viúva do fundador do Movimento de Libertação do Povo do Sudão (SPLM), John Garang. No entanto, o encontro que manteve com Kiir para falar sobre a libertação dos prisioneiros terminou sem sucesso.

Milhares de mortos e refugiados

De acordo com estimativas cautelosas, desde o início dos combates, já morreram pelo menos 500 pessoas, mas este número poderá ser muito superior, sublinha o Süddeutsche Zeitung. Segundo relatos de testemunhas, muitos corpos foram atirados para o rio Nilo nos últimos dias, o que torna difícil contabilizar o número real de mortes.

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Na verdade, os combates que se iniciaram em meados de dezembro no Sudão do Sul já terão matado milhares de pessoas e deixado 90 mil desalojados, de acordo com os cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU). Para fugir à violência, cerca de 40 mil pessoas procuraram refúgio em campos administrados pela UNMISS, a missão da ONU no país, escreve ainda o mesmo jornal.

“Se cá dentro estão apenas algumas forças de paz e lá fora há dois mil combatentes, não há muito que possamos fazer”, admitiu o coordenador humanitário das Nações Unidas no país, Toby Lanzer, referindo-se à situação em Bor. Na capital de Jonglei, onde o exército retomou, entretanto, o controle da capital, 17 mil pessoas procuraram abrigo em bases da ONU, lia-se em Der Tagesspiegel.

Com o agravamento da situação, alguns países ocidentais desencadearam ações de emergência para apoiar a retirada dos seus cidadãos do Sudão do Sul. A Alemanha enviou duas aeronaves Transall para apoiar o regresso de cidadãos alemães, acabando por transportar também, além do próprio embaixador alemão, cidadãos de outros países.

Dezasseis soldados da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, continuam, no entanto, estacionados no Sudão do Sul no âmbito da UNMISS.

Prisão perpétua para homossexuais no Uganda

A lei recentemente aprovada pelo Parlamento do Uganda que pune os homossexuais com penas que poderão chegar a prisão perpétua também foi notícia na imprensa alemã.

Homosexuelle Demonstration in Uganda
A homossexualidade é ilegal no Uganda desde os tempos coloniaisFoto: picture-alliance/dpa

Para entrar em vigor, a lei que criminaliza a homossexualidade e a sua promoção pública ainda terá de ser assinada pelo Presidente Yoweri Museveni, que de acordo com a Constituição tem 30 dias para fazê-lo, sublinha o jornal die tageszeitung.

O primeiro-ministro ugandês, Amama Mbabazi, que se opôs à votação na qual a lei foi aprovada, já manifestou a sua preocupação quanto à legalidade da decisão. E alegou que não havia quórum suficiente.

O texto aprovado no Parlamento prevê pena de prisão perpétua para quem for apanhado pela segunda vez a ter relações com parceiros do mesmo sexo ou para homossexuais que tiverem contato com portadores de HIV ou menores de idade.

A pena de morte, que estava prevista na proposta inicial, de 2009, para casos de reincidência, acabou por ser retirada do diploma final. Ao mesmo tempo, foi também introduzido o dever de denunciar gays e lésbicas, escreve o Süddeutsche Zeitung.

A homossexualidade é ilegal no Uganda desde os tempos coloniais. "Este é realmente um dia terrível para os direitos humanos no Uganda ", disse Frank Mugisha , diretor da organização não-governamental SMUG que luta pelos direitos das minorias sexuais .