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ConflitosSudão

Sudão envia tropas para zona de confrontos tribais no Darfur

Lusa | EFE
28 de dezembro de 2020

As autoridades sudanesas anunciaram o envio de um "importante" contingente militar para o sul do Darfur, após confrontos entre tribos pela posse de nascentes de água e que fizeram 15 mortos.

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Foto: picture-alliance/AP Photo/UNAMID/A. G. Farran

O governador do estado do Darfur do Sul, Musa Mahadi, anunciou no domingo (27.12) o envio de um grande número de forças militares "para deterem as pessoas implicadas nos confrontos e apreenderem armamento", refere a agência oficial Suna. "O tempo para as conferências de reconciliação terminou e chegou o tempo para se aplicar a lei", disse o governador.  

A agência oficial indica ainda que um dirigente local afirmou que insultos verbais acabaram em confrontos armados entre elementos das tribos Massalit e Falata, na localidade de Gereida em que morreram dos membros da Falata. 

Em represália, os falatas atacaram a localidade causando a morte de 13 massalit e ferimentos em 34 pessoas não tendo sido noticiado o local exato dos confrontos. O incidente é o primeiro depois de uma reunião de reconciliação que decorreu em outubro. 

Durante os últimos dois anos, a região de Gereida tem sido palco de incidentes violentos entre as duas tribos que já provocaram vários mortos e feridos. 

Pressefoto UNHCR | Tschad, Hilouta
Deslocados da região de Darfur estão contra o fim do mandato da missão de paz conjunta (foto de arquivo)Foto: UNHCR/Aristophane Ngargoune

Fim da missão de paz conjunta

Os acontecimentos ocorreram também a poucos dias do fim da missão de paz conjunta entre a ONU e a União Africana na região sudanesa do Darfur (UNAMID) e que termina a 31 de dezembro, após exigência de Cartum. A missão de paz integra cerca de oito mil militares, polícias e pessoal civil, deslocados na vasta região ocidental do Sudão. 

Milhares de deslocados da região de Darfur protestaram, no domingo (27.12), nos dois principais campos da região, contra o fim do mandato da missão de paz. Cerca de 8.000 pessoas manifestaram-se no campo de Kalima, no estado do Darfur do Sul, e outras 5.000 no campo de Abu Shuk, no Darfur do Norte, os dois maiores campos da região, e entoaram slogans como "não há paz nem segurança sem a UNAMID".

Os manifestantes exigiram que o governo sudanês e o Conselho de Segurança da ONU cancelassem a retirada da missão conjunta. "Se a decisão não for cancelada, os crimes continuarão", alertaram.

A guerra no Darfur que começou em 2003, entre as forças governamentais e os insurgentes, fizeram nos primeiros anos mais de 300 mil mortos e 2,5 milhões de deslocados internos.

Nos últimos anos tem-se verificado um aliviar das tensões violentas, mas ocasionalmente ocorrem confrontos por questões de terras e águas entre as tribos nómadas árabes e os agricultores africanos. 

O governo de transição do Sudão está em funções após ter sido alcançado um acordo entre os militares que ocuparam o poder após a queda do ditador Omar al-Bashir, em abril de 2019, após a pressão das manifestações de contestação contra o regime. 

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