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Tanzânia chora vítimas mortais do naufrágio

mjp | Linda Staude | AP | AFP
24 de setembro de 2018

Realizaram-se domingo as primeiras cerimónias fúnebres das vítimas do naufrágio de um ferry sobrelotado no lago Vitória. Autoridades tanzanianas atualizaram balanço da tragédia para 224 mortos e 41 sobreviventes.

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Presidente da Tanzânia declarou quatro dias de luto nacional Foto: picture-alliance/AP Photo

Até ao momento, 172 vítimas mortais da tragédia já foram identificadas por familiares. "Sepultámos muitas pessoas da nossa aldeia. Este ferry matou o nosso povo", lamenta Adla Bakari, que perdeu o seu filho no naufrágio. "Se lhes dizemos para não sobrelotarem o ferry, eles não nos ouvem, tal como na quinta-feira, não nos ouviram. Pedimos ao Governo que tome conta de nós", apela.

O primeiro-ministro, Kassim Majaliwa, conduziu este domingo (23.09) os funerais na ilha de Ukara, onde o navio MV Nyerere deveria ter atracado. "O país foi atingido por uma grande tragédia. Temos de nos manter unidos neste período difícil e perceber que os nossos concidadãos perderam pais, irmãos, irmãs, filhos e amigos nesta tragédia. Temos de os consolar, em vez de lhes darmos palavras negativas", apelou.

Buscas continuam

As buscas continuam no local do naufrágio, depois de no sábado (22.09) um engenheiro ter sido resgatado com vida na sala das máquinas da embarcação.

O Presidente da Tanzânia, John Magufuli, declarou quatro dias de luto nacional e ordenou a prisão dos responsáveis pela tragédia, incluindo o capitão do navio, que teria deixado o leme nas mãos de um funcionário sem experiência. O chefe do Governo anunciou que já foram feitas várias detenções.

Tanzânia chora vítimas mortais do naufrágio

Segundo testemunhas, a embarcação transportava mais de 300 passageiros, apesar de a sua capacidade máxima ser para 100 pessoas e 25 toneladas de carga. Já o Ministério dos Transportes fala em 256 passageiros a bordo. O primeiro-ministro afirma que as primeiras investigações apontam para a sobrelotação como uma das causas do acidente.

O MV Nyerere naufragou a cerca de 50 metros do local onde iria atracar, quando as pessoas se precipitaram para a proa do barco para saírem mais depressa da embarcação.

Um dos sobreviventes fala também em excesso de carga. "O ferry deu uma guinada muito acentuada, havia também camiões carregados com mercadorias a bordo, escorregaram, sacos de milho caíram sobre as pessoas e de repente o barco virou", conta.

Zona de naufrágios

A embarcação MV Nyerere pertence à Agência de Serviços Eletrónicos e Eletromecânicos da Tanzânia e naufragou enquanto fazia a ligação entre a península de Ukerewe e a ilha de Ukora, na zona sul do lago Vitória, o maior do continente africano. 

No lago Vitória - um importante ponto de atração turística rodeado pelos territórios da Tanzânia e do Quénia - registam-se vários naufrágios todos os anos, sobretudo devido a fortes tempestades e falta de condições de segurança.

Segundo um comunicado da Presidência da Tanzânia, a investigação está agora nas mãos das autoridades de defesa e segurança. O primeiro-ministro já adiantou que será criada uma comissão de inquérito alargada sobre a tragédia.