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Moçambique: Tensão no início da campanha para as autárquicas

Romeu da Silva (Maputo)5 de novembro de 2013

Campanha eleitoral começa durante a pior crise político-militar no país desde a assinatura do Acordo Geral de Paz. Ainda assim, os partidos políticos e grupos de cidadãos garantem que vão avançar com a campanha.

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Foto: DW/M. Sampaio

Ao longo dos próximos 15 dias, 14 partidos políticos e cinco organizações da sociedade civil deverão esgrimir argumentos e tentar conquistar para si o voto dos eleitores de 53 autarquias. Mas o atual cenário político é motivo de preocupação geral.

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) ameaçou inviabilizar o pleito. O maior partido da oposição exige a paridade de membros na Comissão Nacional de Eleições (CNE). Além disso, multiplicam-se os ataques de homens armados nalgumas regiões do país, depois da base da RENAMO em Satunjira (Gorongosa) ter sido tomada pelo exército moçambicano.

A violência "vem ofuscar o conteúdo das mensagens", diz João Massango, do partido os Verdes. Eleições e tiroteios são duas coisas que não combinam, refere. Isso "mancha o processo da democracia."

Ainda assim, o partido vai avançar com a campanha: "Vamos, porque já nos inscrevemos e estamos lá", assegura Massango.

Embora as eleições tenham um sabor amargo, os Verdes dizem estar preparados para convencer o eleitorado. O partido promove "um manifesto" para o "desenvolvimento sustentável" do município da Matola, nos arredores da capital moçambicana, Maputo. Para João Massango, o objetivo é muito claro: "ganhar".

Reassentamentos

Ganhar é também a palavra de ordem do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). De acordo com Ernesto Estefano, o terceiro maior partido moçambicano definiu a questão dos reassentamentos como um ponto central na sua campanha.

"Temos uma política bastante ambiciosa", diz. Segundo Estefano, é preciso parar com as "situações inadmissíveis" de "desalojamentos desorganizados". "Parece que estamos a voltar ao tempo da colonização, algo que não é aceitável. Este país é nosso, de todos os moçambicanos. E temos de dizer que basta, que não aceitamos isso, porque, afinal de contas, Maputo é para todos, não é para certa gente de elite", comenta o político.

Democracia vs. "soar das armas"

Tendo em conta a grave crise político-militar em Moçambique, o presidente do Partido Independente de Moçambique (PIMO), Yacube Sibinde, diz, no entanto, que não há moral para fazer promessas eleitorais.

"Tudo o que vamos prometer não será mais do que o desenvolvimento do cidadão económico e social", afirma Sibinde. "O PIMO não tem capacidade de prometer o calar das armas. Não há democracia que coadune com o soar das armas, com pessoas que não têm liberdade de circulação."

O presidente da CNE, Abdul Carimo, exorta os concorrentes a estas autárquicas a observar as normas éticas da campanha.

"Este é um momento de festa dos munícipes e não deve ser manchado por situações de desordem, incitamento ao ódio, à violência, à injúria, à difamação, à agressão física ou outras formas de injustiça", lembra Carimo.

A CNE diz que está a trabalhar para gerir a realização de dois escrutínios em simultâneo, nomeadamente as autárquicas de 20 de novembro e as legislativas e presidenciais de 2014, bem como as eleições para as assembleias provinciais.

Tensão em Moçambique no início da campanha para as autárquicas

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Centro de Moçambique vive clima de tensãoFoto: Getty Images/Afp/Ferhat Momade
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