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Tensão no Níger antes das eleições

Thomas Mösch / Madalena Sampaio18 de fevereiro de 2016

Os cidadãos do Níger vão às urnas eleger um novo Presidente e um novo Parlamento a 21 de fevereiro. Nas segundas eleições depois do golpe militar de 2010, o Presidente Mahamadou Issoufou espera ser reeleito.

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Foto: Getty Images/AFP/B. Hama

Registaram-se para as eleições sete milhões e meio de pessoas - pouco menos do que metade da população. Na corrida à presidência estão 15 candidatos. Mahamadou Issoufou, eleito Presidente em 2011, concorre a um segundo mandato.

No entanto, até agora, o eleitorado pouco sabe sobre os programas dos candidatos. Os últimos meses foram marcados pela controvérsia sobre se o Governo está disposto e é capaz de organizar eleições ordeiras.

Mariama Gamatié Bayard foi a primeira mulher a concorrer à presidência, em 2011. Mas desta vez não entra na corrida. "Não há garantias de uma disputa justa. Por isso, decidi que não iria servir de figurante", justifica Mariama Bayard, uma das vozes mais proeminentes da oposição do Níger.

Mariama Gamatie Bayard
Mariama Gamatié Bayard, uma das vozes mais proeminentes da oposiçãoFoto: DW/T.Mösch

"Se concorresse, tal como da última vez, seria com um programa claro para o meu país e por querer ser parte da solução", acrescenta.

Candidato da oposição na prisão

Vozes críticas como Mariama Gamatié Bayard também acusam o Governo de ter usado todos os meios disponíveis para impedir a campanha da oposição. Durante semanas, a televisão estatal praticamente só falou das atividades dos membros do Executivo.

Manifestações da oposição foram repetidamente proibidas, aparentemente por razões de segurança. Além disso, um dos principais candidatos da oposição foi preso. Hama Amadou, ex-Presidente do Parlamento e chefe do partido MODEN-FA Lumana, está desde novembro em prisão preventiva, acusado de fazer parte de uma rede de tráfico de menores.

Wahlplakat für Hama Amadou Niger
Cartaz do candidato Hama Amadou, preso desde novembroFoto: DW/M.Kanta

Ainda assim, o Tribunal Constitucional aprovou a sua candidatura. Para a oposição, a detenção de Hama Amadou faz parte de uma campanha política, já que todos os principais suspeitos no mesmo processo foram libertados sob fiança.

O ministro da Justiça Marou Amadou, ex-ativista de direitos humanos, por outro lado, não quer ouvir falar na influência indevida do Governo sobre os meios de comunicação e o sistema judicial. "Se um político está envolvido no tráfico de crianças estrangeiras, deve ser processado, seja ele quem for. O mesmo se aplica a quem incitar ao ódio étnico ou ameaçar a ordem pública. Tal como devemos garantir a liberdade neste país, também temos de garantir a ordem pública, porque no caos não há liberdade nem direitos".

Ambiente tenso

O ambiente pré-eleitoral no Níger raramente foi tão tenso, concorda a maioria dos observadores. Logo na abertura oficial da campanha eleitoral, a 31 de janeiro, o Presidente Issoufou mostrou-se confiante numa vitória à primeira volta. A frustração sobre o fraco desempenho do chefe de Estado sente-se em todo o país.

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Seini Oumarou, o candidato do maior partido da oposição, o MNSD Nasara, não esconde a sua desconfiança. "Nenhum partido pode vencer à primeira volta. Até os governantes têm consciência disso. Agora, se isso acontecer, penso que poderá causar problemas".

Tal como o líder da oposição, muitos nigerinos receiam que as eleições do próximo dia 21 de fevereiro terminem em violência. Representantes conhecidos da sociedade civil como Moussa Tchangari confirmam que nunca antes uma eleição causou tanto medo.

Niger Präsident Mahamadou Issoufou
Presidente Mahamadou Issoufou espera ser reeleitoFoto: F. Batiche/AFP/Getty Images
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