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Termina cimeira da UA sem acordo sobre o futuro Presidente da Comissão

30 de janeiro de 2012

Mesmo depois de quatro votações os dirigentes africanos não conseguiram um consenso sobre um dos dois candidatos na corrida: o gabonês Jean Ping e a ministra sul-africana do Interior Nkosazana Dlamini-Zuma.

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Acabou hoje, na capital étiope de Adis Abeba, a cimeira da União Africana
Acabou hoje, na capital étiope de Adis Abeba, a cimeira da União AfricanaFoto: picture-alliance/dpa

A cimeira da União Africana, na capital etíope Adis Abeba, não conseguiu eleger um presidente para o seu orgão chave, a Comissão, porque os chefes de Estado estiveram divididos entre escolher o gabonês Jean Ping e a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma. Enquanto se aguarda a realização da próxima cimeira, a presidência da Comissão será interinamente assegurada pelo seu atual vice-presidente, o quenaino Erastus Mwencha.

Observadores notam que as quatro votações expuseram as linhas de fratura entre os países da África anglófona e os países da África francófona, apesar dos dirigentes africanos tudo terem feito para minimizar o alcance dessas divisões.

O gabonês Jean Ping ainda não conseguiu o apoio de dois terços, necessário para a sua reeleição
O gabonês Jean Ping ainda não conseguiu o apoio de dois terços, necessário para a sua reeleiçãoFoto: Reuters

Apoio a Jean Ping não é suficiente

Jean Ping, de 69 anos de idade, no cargo de presidente da Comissão desde 2008, conseguiu ultrapassar ligeiramente a sua concorrente sul-africana, a ex-ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros e antiga esposa do presidente Jacob Zuma. Dlamini Zuma, de 63 anos, atual ministra do Interior, foi então forçada pelo regulamento a retirar a sua candidatura, mas Jean Ping, ex-homem de confiança do ex-presidente Omar Bongo, não conseguiu obter a maioria qualificada exigida de dois terços.

Observadores notam que agora a UA deve ultrapassar as hesitações e os fracassos diplomáticos do ano transato, nomeadamente durante e após as revoltas na África do Norte e solucionar o mais urgentemente possível os conflitos ainda em aberto, como por exemplo no Corno de África, e enfrentar o aumento do terrorismo islamista, como reconheceu no seu discurso Jean Ping: "Assistimos nos últimos meses a um aumento do terrorismo, com particular foco na Nigéria", disse Ping e adiantou: "Aproveito esta ocasião para reiterar a firme condenação da UA dos ataques criminosos perpetrados pela Boko Haram e outros grupos terroristas, bem como o nosso apoio à ação do governo nigeriano."

Uma outra eleição que teve lugar durante os trabalhos da cimeira pan-africana foi a da presidência rotativa da UA, de Boni Yayi, o chefe de Estado do Benim, para um mandato de um ano. Este substitui o chefe de Estado da Guiné Equatorial Teodoro Obiang Nguema, cuja eleição foi considerada no ano passado, pelas organizações de defesa dos direitos do homem, como um sinal desastroso pelo respeito dos direitos do cidadão africano.

Esta décima oitava cimeira, a primeira desde o derrube do chefe líbio Mouammar Kadhafi, figura histórica embora muito controversa da organização, contou também com a presença do novo presidente da Tunísia, Moncef Marzouki. Ele lançou um apelo aos africanos para cerrarem fileiras e estarem orgulhosos de terem nascido e viverem no berço da humanidade.

O secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, discursou perante a assembleia da UA
O secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, discursou perante a assembleia da UAFoto: Reuters

Secretário geral da ONU apela ao respeito dos direitos humanos em África

Por seu turno, Ban Ki Moon, secretário geral da ONU, renovou o seu apelo a favor dos direitos humanos no continente africano, por forma acabar "de uma vez por todas" com qualquer tipo de discriminação baseada na identidade sexual ou do género: "Devemos aproximar-nos dos ideiais da declaração universal dos direitos do homem. O Tribunal Penal Internacional vai também reforçar a sua ação a favor dos direitos do homem no mundo", disse Ban Ki Moon.

À margem da cimeira, o Primeiro ministro líbio Abdel Rahim al Kib, sugeriu a realização, na Líbia, de uma conferência regional contra a proliferação de armas que circulam na região desde o derrube de Mouammar Kadhafi. A conferência deveria reunir os ministros do Interior e da Defesa dos países com fronteiras com a Líbia.

Autor: António Rocha
Edição: António Cascais / Helena Ferro de Gouveia