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Tudo está mais caro em Moçambique

Leonel Matias (Maputo)1 de dezembro de 2015

Moçambique está a registar um aumento acentuado e generalizado dos preços dos serviços e produtos básicos, na sequência da depreciação da moeda nacional, o metical, que, segundo dados oficiais, atingiu este ano 43%.

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"Uma dúzia de ovos passou de 60 para 90 meticais."Foto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte

As tarifas de água e energia elétrica bem como os preços de produtos básicos como pão, arroz, farinha e carnes acabam de registar aumentos que, em alguns casos, chegam a ultrapassar os 100%. Em causa está a depreciação da moeda nacional, o metical, que segundo dados oficiais atingiu este ano 43 por cento. Outros dados indicam, no entanto, que o nível de depreciação se situou em cerca de cem por cento, pelo menos no mercado informal.

O dólar americano que no início de 2015 valia em torno de 30 meticais passou a valer 60 meticais no final de novembro.

Contudo, o Banco de Moçambique desdramatiza a situação afirmando que apesar da depreciação do metical estar a desestabilizar a economia nacional, não há razão para desespero, porque os fundamentos macroeconómicos não estão abalados.

A DW África registou a opinião de alguns populares em relação a derrapagem do metical. “Os preços estão a disparar. Tudo está a subir. Até os produtos básicos”.“Os salário que nos dão é pouco. Não dá. As coisas estão muito caras.” “Um prato de comida está a custar 90 meticais, quando antes custava 50 ou 60. Uma chávena de chá que antes custava 5 meticais, custa agora 15. O pão está 10 meticais”.

Elisa Tomo Maputo Mosambik
Elisa Tomo foi uma das populares entrevistas nas ruas de MaputoFoto: DW/L.C.Matias

Comerciantes registam perdas

Issufo Mahomed, Chefe da Comissão de vendedores no mercado central de Maputo disse a DW África que os comerciantes já estão a registar perdas no negócio.

Mahomed observa que a depreciação da moeda nacional só é benéfica para a economia quando o país exporta os seus produtos. Não é o caso de Moçambique. Estima-se que 70% dos produtos consumidos em Moçambique são importados.“Para o consumo nacional é muito mau. Exemplo: uma dúzia de ovos passou de 60 para 90 meticais. Um saco de batata de 170 para 270. Uma barra de manteiga passar de 120 para 160 meticais. São bens de necessidade básica, como a farinha, o arroz, e outros artigos. Assim, as vendas acabam baixando. Foi mau para os comerciantes que perderam dinheiro. Portanto ficaram descapitalizados.”

Alexandre Chiure Maputo Mosambik
"O país deve procurar combater os fatores internos que estão na origem da depreciação do metical", defende Alexandre ChiureFoto: DW/L.C.Matias

A necessidade de conter o câmbio

O Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, reconheceu esta segunda feira (30.11.2015) que a depreciação do metical está a desestabilizar a economia nacional. Contudo, considerou que “não há motivo para desespero nem pavores”, porque os fundamentos macroeconómicos não estão abalados.

O banco vai tomar um conjunto de medidas para conter o câmbio, que incluem o estabelecimento de limites na utilização de cartões de crédito e de débito no exterior. Ernesto Gove afirmou que perante uma situação excepcional é imperiosa a mudança de alguns hábitos.

“É preciso ajustar os hábitos de consumo e de importação. Numa situação dessas não podemos continuar a levar a vida como se nada estivesse a acontecer.”

Por que o metical desvalorizou

Para o analista Alexandre Chiure, o país deve procurar combater aquilo que pelo menos são os fatores internos que estão na origem da depreciação do metical.

Issufo Mahomed Maputo Mosambik
"Comerciantes estão a registar queda nas vendas", esclareceu Issufo MahomedFoto: DW/L.C.Matias

“Temos que reunir esforços para combater os fatores internos porque o fator externo que esta por detrás da subida do dólar tem a ver com a recuperação da economia americana”

Chiure apontou como alguns dos fatores internos na origem da depreciação da moeda a onda de raptos, que provoca a fuga de capitais, a fatura paga pelo Estado por ter avalizado um empréstimo a empresa EMATUM, a divida contraída para a construção da ponte Maputo/Catembe e o projecto de circular de Maputo, para além da redução das doações e créditos internacionais.

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